Ócio não criativo
Porém, depois de um ano, veio o corte de verbas na empresa, e eu, e mais cinco, fomos dispensados. Sou aposentado, permitindo-me que me mantenha com meus proventos.
No entanto, devido à escassez de outros veículos de comunicação na cidade, a vida agitada terminou. E a falta do trabalho, acostumado a realizar desde meus onze anos de idade, fez-me enfrentar, até agora, dias e dias parados.
Estou me sentindo deslocado em minha própria casa. Procuro atividades que me façam passar o tempo, mas é claro que não preenche as minhas horas de falta do que fazer.
A impressão que se tem é que, a tão decantada falta de experiência, não é considerada nesta cidade, pois tenho experiência nas mais diversas áreas. No entanto não sou aproveitado, assim como muitos outros aposentados que gostariam de ter uma atividade que ainda o tornassem útil e permitissem que ainda tivessem uma renda extra, já que nem sempre a renda de aposentado não é lá estas coisas.
No país sobram empregos para pessoas qualificadas, no entanto esta é uma realidade que parece não ter acontecido aqui por estas paragens. Sim, pode-se dizer, porque então não vai embora procurar lugares onde possam aproveitar as suas qualidades. Não é tão fácil, quando se tem uma idade mais avançada.
A mudança de uma cidade para outra envolve muitas variáveis, como imóvel para morar, adaptação ao novo local, sem contar os poucos amigos que devemos deixar para trás. O que se fazer? Acostumar-se a ficar parado ou ainda ter a esperança que alguém se lembre de sua capacidade e queira aproveitar a sua experiência?
De qualquer forma, o ócio não criativo mata-nos aos poucos a cada dia, por sentirmo-nos à margem da sociedade, sem contribuir para o desenvolvimento dela.