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O dilema dos juros

Após a crise de 2008, todos os países afrouxaram a liquidez nas suas economias, visando estimular o acesso ao capital para pessoas e empresas de forma a impulsionar o crescimento e retomada da atividade. No ano passado, os países emergentes não precisaram mais de tanto incentivo e colocaram o pé no freio – Brasil, China e Índia são alguns exemplos.

As economias desenvolvidas, que tendem a ser menos dinâmicas do que as emergentes, prolongaram um pouco mais o período de estimulos, e ainda mantém taxas de juros inferiores a 1%. Mas, até quando essas políticas serão viáveis?

Com a alta das commodities no ano passado e a expressiva valorização do petróleo nas últimas semanas em função dos conflitos no Oriente Médio, o mundo todo vem sofrendo com pressões inflacionárias. Os países desenvolvidos começam a ser obrigados a tomar algumas decisões.

No caso da União Européia, as sinalizações são claras de que uma alta nos juros deve acontecer em breve (talvez na próxima semana). Em função disso, o Euro vem se mantendo estável mesmo com todos os problemas financeiros de Portugal e dos bancos irlandeses. A expectativa de que o Banco Central Europeu vai pagar um juro um pouco mais elevado nos próximos meses, atrai mais investidores para a região.

Os Estados Unidos, por sua vez, esperava poder prolongar um pouco mais o empurrãozinho para a economia. Antes, o mercado acreditava que uma alta nos juros por lá aconteceria somente em 2012 (atualmente no patamar entre zero e 0,25%). Mas, com o mercado de trabalho mostrando uma  melhora consistente nos últimos meses (aspecto que era a principal preocupação das autoridades americanas durante a retomada econômica), com a taxa de desemprego em 8,8%, talvez seja a hora de começar a sinalizar novos rumos.

Comentários sobre o encerramento antecipado do programa de compra de ativos por parte do FED, assim como a expectativa do mercado de que o Banco Central retire do seu discurso a frase “juros baixos por um período prolongado”, começam a se tornar temas mais frequentes nos notícias e rodas de negócios.

E como isso afeta o nosso mercado? Bom, acredito que o principal impacto no médio prazo seja no câmbio – com investimentos em Euro e Dólar mais atrativos, aumenta a demanda por estas moedas, que então, tendem a se valorizar. Isso pode deixar o nosso real mais “leve”, o que é uma boa notícia para o Banco Central, que vem utilizando diversas medidas para conter a valorização do mesmo.

E foi assim, analisando esta dinâmica mundial, que os investidores brasileiros conseguiram deixar todos os riscos mundiais (consequências do terremoto do Japão, persistentes conflitos da Líbia e agravamento da Crise Européia) de lado e obter ganhos nesta semana que se encerrou.

Fernanda Camino – Economista

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