Estados Unidos na corda bamba
Está claro que os Estados Unidos não conseguiram avançar a ponto de reduzir o hiato do PIB, aberto após a recessão. A duração média do desemprego atingiu um novo recorde de 39,9 semanas e o salário por hora estagnou. A melhor explicação para a forte desaceleração do mercado de trabalho são os eventos ruins que atingiram a economia, entre eles, o aumento acentuado dos preços da gasolina, uma série de desastres naturais e o tsunami e terremoto japonês que interromperam as cadeias de fornecimento em eletrônica, automóveis e outras indústrias.
No caso da gasolina, de acordo com a Agência Americana de Energia, o preço médio do combustível na primeira semana de julho ficou em US$ 3,57 por galão, quase 10% abaixo do pico de US$ 4,00 abril, ou seja, quase 40 centavos de dólar por galão. Em termos de produção, os efeitos sobre a cadeia produtiva causados pelos desastres nipônicos estão terminando. Todavia, a recuperação passa por uma melhora na expectativa dos consumidores e empresários em termos de desempenho futuro da economia norte-americana.
Os desafios são grandes, pois as notícias que chegam sobre o ajuste fiscal que está sendo negociado dão conta de que ambos os partidos (republicano e democrata) entendem que chegou a hora de apertar o cinto. Porém, este sinal de aperto, em uma economia cambaleante, pode arrasar a confiança de que dias melhores virão. No pronunciamento feito nesta sexta-feira, o presidente Barack Obama falou sobre a importância dos investimentos privados, indicando que a estabilidade política, necessária para que as empresas aumentem seus investimentos, passa pelo acordo sobre o aumento do teto da dívida. O presidente reiterou que o final de semana será agitado, com reuniões entre os líderes dos partidos para que sejam definidas as bases do acordo. Neste momento em que a política monetária foi abandonada, cabe lembrar que o programa de compra de títulos não foi renovado, a hora é de aguardar e torcer para que as expectativas positivas se tornem autorrealizáveis.
Os efeitos da incerteza lá no hemisfério Norte, mais cedo ou mais tarde, acabam batendo aqui. Nos últimos meses, as bolsas de Nova Iorque e de São Paulo não têm andado de mãos dadas. A bolsa americana tem subido enquanto a nossa tem caído. Porém, quando as notícias ruins são fortes lá, o reflexo negativo logo se alastra. Ao longo dos meses, podem ocorrer distorções, mas a centralidade da economia americana não pode ser questionada e, se o céu ficar preto lá, vai acabar escurecendo aqui também.