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Tragédia Brasileira

A Televisão Brasileira, com raras exceções, produz quadros sensacionalistas.

Domingo último,  no Programa do  Fausto Silva,  esta prática chegou ao máximo.

Entre lágrimas do Casagrande, ex-atacante do Corinthians e Seleção Brasileira, entremeadas com  expressões faciais singulares e ridículas do apresentador, a platéia aplaudiu, de pé e vorazmente, a tragédia de uma vida ali exposta.

O protagonista, na medida em que contava a sua internação em uma clínica para drogatizados expressava, em seu rosto, o seu drama pessoal sem qualquer artifício ou subterfúgio  que  tornasse, a narrativa, para si menos dolorida.

A platéia, ávida de espetáculos de tal sorte, expressava, no coletivo, o anseio e a satisfação individuais, patológicas, decorrentes do contato com as dores de seus semelhantes. E vieram os depoimentos…

Dos filhos, dos pais, do colegas de trabalho e do   empregador que, do palco,  através do “ mestre de cerimônias”  dominava o espetáculo que desenrolava-se de maneiras apoteótica.

O Drama vivido pelo o Casagrande é  idêntico ao de milhares de homens e de mulheres de todas as idades que, das vilas periféricas miseráveis aos salões aquecidos das Casas Grandes deste país se vêm dominados, vencidos, fracassados, doentes mercê da impotência a que ficam submetidos pelo uso dos mais variados tipos de substâncias que, acabarão com suas vidas, com suas famílias, com seus sonhos.

Só existe uma diferença: O Casagrande possui condições de internar-se em  clinicas de qualidade. Os que habitam as Casas Grandes deste país, também.

Mas, aos que vivem nas vilas miseráveis e nas casas de baixa e medida renda  e  que foram  tragados pelo vício, não lhes resta outra alternativa a não ser  continuarem nas cracolândias nacionais alimentando suas doenças.

No palco de suas vidas não existem holofotes e a platéia que assiste seus dramas, omissa, não chora e nem aplaude. Vivos, se arrastarão para  a degradação humana, para crime, para a brutalidade até que seus corações não  sintam mais alegrias ou dores e seus olhos não tenham mais lágrimas.

Mortos serão enterrados em cova rasa, de preferência sem nome na cruz, para não serem lembrados a não ser por aqueles que trocaram a Educação, a Segurança e a Saúde por estádios de futebol para continuarem, fazendo conivente e calada, a Consciência Nacional.

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