O Papa Francisco no Brasil
Com seu carisma. bondade, generosidade, simplicidade e alegria conquistou a todos.Seus gestos testemunharam suas palavras.Deixou de se hospedar no hotel que tinham reservado para ele, para se alojar na casa onde ficou João Paulo II, quando esteve no Brasil.Ele mesmo carregou sempre a bagagem de mão.Depois da recepção no aeroporto, fez questão de ir num carro simples com os vidros abertos para saudar as pessoas que lhe aguardavam no trajeto. No Papa Móvel, quando houve engarrafamento na avenida, desceu, apertou a mão dos presentes, beijou e abençoou as crianças.
Em sua fala para os setentas autoridades, depois do discurso da Presidenta Dilma, abordou o problema das desigualdades sociais, da fome e da miséria no país e disse que a igreja tem que ser a igreja de Cristo, a igreja dos pobres. Pregou honestidade, a humildade e a partilha.
Reuniu-se com milhões de jovens em Copacabana e convocou a todos para serem discípulos de Jesus, levando não só as palavras, mas a partilha aos irmãos, especialmente aos mais necessitados.
Rezou a missa na basílica do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, São Paulo para 15 milhões de fieis dentro do Santuário e mais 250 mil fora abrigados com capas, sombrinhas e guarda-chuvas, na chuva que caia. Eu me emocionei com seu gesto e olhar profundo e piedoso por algum tempo, silencioso diante da imagem da Mãe de Jesus, padroeira do Brasil. Visitou a favela pacificada de Varginha, onde entrou numa casa, beijou e abençoou a mãe e as crianças. Lá “falou:” “as favelas não só precisam ser pacificadas, mas seus habitantes necessitam de condições humanas de vida.”
A mensagem que pregou aos jovens: ”Não tenhais medo. Somos fracos, mas o Senhor é forte. Quando temos confiança em nós mesmos somos frágeis. Jesus diz:” Ide pelo mundo inteiro. Pregai! Daí testemunha “do Evangelho”.
Quando sal pode acontecer um acidente. Prefiro uma igreja acidentada, caída num acidente, do que uma igreja doente por fechamento. Ide para fora, saí! Ide ao encontro dos irmãos. Queremos uma igreja que saia para uma cultura de encontro com os outros, os idosos, as crianças e os pobres. Hoje encontrar um sem teto morto pelo frio não é notícia. Um escândalo, inflação é uma tragédia. Se uma pessoa morre de fome, não tem saúde é normal.
Para anunciar o Evangelho é preciso coragem e paciência.
Hoje há mais mártires do que nos primeiros tempos. Levam a fé até o martírio. O martírio não é uma derrota, mas alto grau de testemunho.
Disse aos jovens: ”três coisas são indispensáveis: a fé, a esperança e a alegria. O cristão não pode ter medo, mas ser alegre, otimista, porque não está sozinho, mas com Jesus. Nunca estamos sós. Lembrai-vos, não queremos uma igreja fechada em si mesma, mas uma igreja que vai às periferias.”
O Papa Francisco deixou-nos sinais de esperança de uma nova igreja, a igreja da Teologia da Libertação, uma igreja que retorne às propostas e decisões do Vaticano II, uma igreja pobre para os pobres seguindo o Evangelho de Jesus.
Ele é latino americano e mais do que ninguém conhece as desigualdades sociais, as injustiças que sofrem os povos do continente.
Não quer mais uma igreja hierárquica, clerical, mas uma igreja testemunhal voltada para os despossuídos, marginalizados, oprimidos e desvalidos.
É claro que uma estrutura secular não pode ser mudada num passe de mágica, mas com paciência como ele afirmou.
Os teólogos da Teologia da Libertação: Frei Beto, Leonardo Boff, Dom Pedro Casaldaglia estão com muita esperança apostando em Francisco.