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Definidas as músicas finalistas da 21ª Tafona da Canção Nativa de Osório

No terceiro dia do 31º Rodeio Crioulo Internacional de Osório, na noite dessa sexta-feira, dia 27, ocorreu a abertura da 21ª Tafona da Canção Nativa, no anfiteatro do Parque Jorge Dariva, em Osório. Das 12 canções, foram selecionados oito para a grande final que ocorre neste sábado, às 20h. As oito selecionadas são: Leitura, Demorou já Chegou, Terra dos Ventos, Eu Canto Apenas o Barro, Maria Tereza, Com os Pés no Chão, Gaivotas e Jurema e Juremar.

A abertura oficial do festival que reúne músicos de todo o Estado foi marcada pela apresentação da Galera da Rima, escola de música formada por crianças e adolescentes que interpretaram músicas de Hino Riograndense a Paul Mac’Cartney.

O Secretário Municipal de Desenvolvimento e Turismo Jorge Ramos, acompanhado das Mais Prendadas Prendas do Rodeio, agradeceu o apoio dos organizadores pelo grande número de inscritos no festival. “Eles (Júlio Ribas e Nézio Marçal) são os grandes responsnáveis por este festival estar cada vez melhor e com mais participantes inscritos”, disse o secretário.

O prefeito de Osório, Romildo Bolzan Júnior, deu as boas-vindas ao público presente. “Que todo o público rio-grandense que está aqui, aproveite mais esses dois dias de evento”, disse o prefeito. A Tafona, como em 2010, foi apresentada pela declamadora Liliana Cardoso e pela jornalista Vera Armando.

O festival começou por volta das nove da noite, com grande presença do público que, novamente, lotou o centrinho do parque em mais uma noite de rodeio. As canções iniciaram pela Linha Riograndense, intercalada pela Linha de Pesquisa Litorânea e foram muito aplaudidas pelo público e acompanhadas pelos cinco jurados que ficaram no mezanino em frente do palco.

Após as apresentações ocorreu o show com Mauro Moraes, seguido do anúncio das oito selecionadas e, após o show com o músico Joca Martins. A grande final do festival será na noite deste sábado, dia 28, no anfiteatro do Parque Jorge Dariva onde após a apresentação das oito finalistas, tem show com Cristiano Quevedo, seguido do anúncio dos vencedores da noite.

A entrada de pedestres no 31º Rodeio Crioulo Internacional de Osório é gratuita e carro é cobrado o ingresso de dez reais. Mais informações pelo telefone (51) 3601 0040.

Linha de Pesquisa Litorânea:

JUREMA E JUREMAR

Letra: Caio Martinez

Melodia: Adriano e Cristian Sperandir

Intérpretes: Adriana Sperandir e Caio Martinez

Linha: Pesquisa Litorânea

Jurema, moça brejeira

Da praia de São Simão

Casou-se com Juremar

Foi morar em Solidão.

Sua foi tão certeira

Com o nome do lugar

Pesqueiro ficava longe

Difícil de acostumar.

Jurema fazia tudo

De tudo pra não chorar

Rezava pro seu amado

Não dar linha pro azar.

Um dia enredou a rede

Jurema ficou sem par

Afundou feito uma pedra

Ninguém o pode encontrar.

A lágrima de Jurema

Não deixa a maré baixar

Quanto mais o tempo passa

Mais Jurema quer chorar

Iemanjá traga de volta

O pescador Juremar

Se não secar esse pranto

O mundo vai inundar

Jurema fica na areia

Contando as ondas do mar

à espera de uma garrafa

com carta de Juremar.

Depois de passados anos

Nunca parou de contar

Endoideceu pela praia

Sem a garrafa encontrar.

Dizem que a moça bonita

Rogou praga contra o mar

Vai e vem por toda a barra

Chorando de soluçar.

E o povo teme o feitiço

Reza pelo Juremar

Temendo que o mundo acabe

Se o pescador não voltar.

MARIA TERESA

Letra: Loreno Santos e Patrícia Ouriques

Melodia: Loreno Santos

Intérprete:  Loreno Santos e Mari Ramos

Linha: Pesquisa Litorânea

2 X

Rainha Ginga anda de vagá,

Que o Rei do Congo não pode avoá!

Maria Tereza, um reinado de história,

Rainha Ginga jamais esquecida,

Ela fez do trono seu mundo sua vida,

Raízes plantadas em nossa memória!

É um povo dançando, rufando tambor,

Num ritual,  em sua congada,

Manifestação com fé e amor,

Devoção à Rainha que foi coroada!

2 X

Rainha Ginga  anda de vagá,

Que o Rei do Congo não pode avoá!

Eles vão cantando pela rua afora,

dançantes  que  a todos encantam,

É a liberdade que neles aflora,

mostrando a fé nas quadrinhas que cantam!

Massacaias  no ritmo  maçambiqueiro,

Alegorias com sua beleza,

Ressoam na alma de um povo guerreiro,

Saudando a rainha Maria Tereza!

2 X

Rainha Ginga anda de vagá

Que o Rei do Congo não pode avoá

O negro, de vermelho e branco, cultua sua dança,

Pra que sua crença se multiplique,

É  festa de um povo que canta e não cansa,

É o rufar dos tambores de maçambique!

Obs.: Maria Tereza foi uma das mais conhecidas rainhas dos maçambiques de Osório. Faleceu com mais de cem anos de idade.

TERRA DOS VENTOS

Letra e Melodia: Mário Tressoldi e Chico Saga

Intérprete: Grupo Chão de Areia

Linha: Pesquisa Litorânea

Vejo do morro a terra dos ventos

E lembro um tempo que já se foi…

Velho vapor na estrada de ferro

E antigos barcos chegando no porto.

Os flertes da vila nos bancos da praça,

Sonhar no cinema aos fins de semana,

Fazer serenata na noite de lua,

Jogar um capote na velha tafona.

O meu coração acordou um tambor,

Que fez marcação para o som da viola,

Na linda Borrussia cantei:-“Oilarai”

E no Morro Alto virei quilombola.

Osório é a terra que me faz cantar,

Estância da serra linda Conceição,

Osório dos ventos que fazem voar

Os sonhos que habitam a minha canção.

Osório é a terra que me faz cantar,

Estância da serra linda Conceição,

Osório dos ventos meu verso, meu lar,

É luz do futuro a girar em meu chão.

As Cavalhadas, os ternos de reis,

O maçambique com sua congada,

A procissão pra louvar o  Divino

Crinas ao vento a correr carreirada.

A terra em que moro foi berço do herói,

Que empresta o seu nome pra este lugar.

Ecoa nas margens das lindas lagoas,

Histórias que o vento me fez recordar.

A vida que sopra navega no tempo

Transforma a paisagem desta sesmaria

Embala a dança destes cata-ventos

E toda beleza se faz energia!!!

DEMOROU JÁ CHEGOU!

Letra: Cristian Sperandir e Ivan Therra

Melodia: Adriano e Cristian Sperandir

Intérprete:  Graziela Pacheco

Linha: Pesquisa Litorânea

Demorou já chegou

Ta aí agora veio pra cantar

Demorou já chegou

Ta aí agora veio pra ficar

É o balanço da raça, o balanço da terra

Misturando e encantando esse mundo todo

Essa gente bonita trazida de longe

Fazendo cultura é o nosso povo

Tá na fala, na fé, na crença, no santo

Na arte de viver tudo misturado

Na Favela, na Vila e no Corredor

No centrão, na cidade e no filho que vem

Demorou já chegou…

Já chega de espera é o nosso momento,

Revendo os conceitos, trazendo bons ventos

Sentindo na pele o tambor batucando

Buscando um caminho prá ser mais humano

Tá na fala, na fé, na crença, no santo

Na arte de viver tudo misturado

Na Favela, na Vila e no Corredor

No centrão, na cidade e no filho que vem´

Demorou já chegou…

Estamos por aqui

Juntando o que Deus deu

Pra mostra que a igualdade está na diferença

É o que temos de bom

Acordes naturais, mutações transitivas,

É nossa a liberdade

E nós podemos mais!

Demorou já chegou…

Linha: Riograndense

LEITURA

Letra: Eduardo Munõz e José Carlos Batista de Deus

Melodia: Carlos Madruga

Intérprete: Pirisca Grecco

Linha: Riograndense

Não é convite pra o sono,

Nem jujo pra solidão

O livro parece um sábio

Que aberto alonga a visão…

Estrada que a alma cruza

Sem nos deixar ir embora,

Janela onde a claridade

Não vem do lado de fora…

Ao mesmo tempo que lê

A gente pode ser lido,

Em um suspiro mais longo

E até no cenho franzido,

Num verso que cria asas

Nos traços de uma gravura,

Por vezes o  pensamento

Também permite leitura!

“Tá” no idioma dos potros

No faro dos rastreadores

Na entrega das partituras

Aos dedos dos tocadores…

Na mão que serve de guia.

Nos olhos que são ouvidos…

Quem lê o mundo em sinais

Sabe a razão dos sentidos…

Penso que o livro fechado

É a boca implorando voz

Igual aos sonhos da infância

Que se extraviaram de nós…

E as folhas amareladas

Denotam a preferência:

– A própria vida se engana

Ao ler pelas aparências…

Mais certa que a voz do rádio

É a previsão do homem rude

Sabe se chove ou se venta

Bem antes que o tempo mude

Sempre é tempo de aprender

Seja qual for a leitura…

– Riqueza que ninguém perde

A vida chama cultura!!

EU CANTO APENAS O BARRO

Letra e Melodia: Lisandro Amaral e Guilherme Collares

Intérprete: Lisandro Amaral

Linha: Riograndense

Eu canto apenas o barro

que cai em pó das taperas…

que derramam muitas eras

onde cantando me agarro.

Repito a rima do barro

pois barro em barro serei.

Estou em mim e andarei

levando o canto senhor

com barro de parador

e o pó que um dia serei…

E ali serei batizado

benzido de sanga e luz…

nos quatro cantos da cruz,

fronteiriço  em meus herdados,

canto o meu tempo – soldado –

neste meu pago – partida

qual uma hóstia ungida

por barro de rancherio

cifra e milonga pariu

a quincha eterna da vida…

Nasci de um ninho de barro

e a ele volta meu sono…

urna de pampa e abandono,

sombreado umbu – meu sacrário.

Relíquia é o verso santuário

na sanga benta do tempo

onde bebendo lamentos

verti lanceiro e taquara

e agonizei nas coivaras

da força escura dos ventos!

O meu pranto viverá

em cada ser que arrepia…

quando a milonga nascia

já voejava o “chajá”,

voava algum chiripá

deixando lã nos atalhos

por cifra em barro eu espalho

o meu cantar couro cru:

(se o meu avô foi umbu

eu sou calhandra em seu galho)

Se sou calhandra que canta,

esta é a garganta que tenho!

Pois no barro de onde venho

há um clarim em levante,

hombridade itinerante

que faz parede e encerra

os frutos negros da guerra

pelo perdão no meu pranto

barro do campo eu levanto

pra reescrever minha terra

COM OS PÉS NO CHÃO

Letra: Mauro Marques

Melodia: Dado Jaeger

Intérprete:  Maria Helena Anversa

Linha: Riograndense

Então estou aqui, assim, de novo.

Sou parte dessa espera de um talvez,

querendo desvendar os meus segredos,

que vão surgir dos medos, outra vez.

Será por teimosia ou por loucura?

Quem sabe, apenas, coisas de mulher?

Quem sabe é o resultado da amargura

da vida, que é tão dura quando quer.

E aqui estou de novo, feito tola,

no desconsolo de outra falsidade.

Mas quero ser feliz, muito feliz…

bem mais feliz do que a felicidade.

E eu sei que a dor não perde a validade…

e sei também que ainda ela me quer.

Conheço muito bem sua verdade…

não vou tratá-la feito uma qualquer.

E a vida?  A vida é ave de rapina.

Não cabe a mim buscar o seu sentido,

pois cada um já sabe a sua sina:

jamais cobrar-lhe o que não for devido.

GAIVOTAS

Letra: Olgi Zauza Crejci

Melodia:  Piero Ereno

Intérprete:  Juliana Spanevello e Piero Ereno

Linha: Riograndense

Duas gaivotas pequenas                      

buscam tatuíras na areia,

matam nativos anseios,

no doce afã de pescar.

É tão lindo nesta vida                    

fazer o que o peito sente,

como nós antigamente

correndo à beira do mar…

As gaivotas já se foram

feito aves de arribação,

mas um dia voltarão

revoando no azul do céu.

Voltes também para mim,

refazer meu paraíso,

devolver o meu sorriso

e os beijos que foram meus;

O tempo cruza ligeiro,

e é tão pequeno o meu sonho;

ver o teu olhar risonho

de arrebol em arrebol.

Curtir as ondas do mar,

bronzear numa brisa amena

os nossos rostos morenos

nos mesmos raios de sol.

Que importa os cabelos brancos

e as rugas de nossas mãos,

se toda a minha ilusão

é tornar, vê-la sorrir…

Vamos passear pela praia

andando devagarzinho

porque os nossos castelinhos

já não sei mais construir.

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