Policial é principal agressor de jovens moradores de rua
Ao identificar a violência entre os próprios moradores de rua, a exposição à chuva e ao frio, a discriminação e a vigilância e violência policial como os principais problemas relatados por quem vive nas ruas, o levantamento aponta que meninos e meninas sem casa são muito mais vítimas que autores de atos violentos. Entre os agressores estão parentes, desconhecidos e agentes públicos, inclusive policiais, contra os quais quase 5% dos jovens admitem já ter reagido violentamente.
Entre os adolescentes entrevistados, apenas 23,5% disseram ter sido obrigados a deixar a convivência familiar por quebra dos vínculos (maus-tratos na família, não se sentir bem com os parentes, expulsão de casa ou separação e morte de algum parente). Os pesquisadores destacam que isso também contraria o senso comum, já que, mesmo vivendo nas ruas, a maioria dos jovens mantém os vínculos familiares.
A maioria desses jovens (39%) vive na região central da capital. Em seguida vêm as regiões administrativas de Águas Claras (23%) e Ceilândia (9%). Quase 38% das famílias desses adolescentes têm casas alugadas. Dos entrevistados, 49% são do Distrito Federal, 16% da Bahia e 13% de Goiás.
A maioria (86%) não concluiu o ensino fundamental, mas 60% continuam matriculados na escola.
Entre os adolescentes que vivem nas ruas, 63% não trabalham. Dos que têm alguma atividade econômica, 34% recolhem ou reciclam material e 29% guardam ou lavam carros. Em 43% dos casos, o ingresso no mundo do trabalho se deu antes de a criança ter completado 12 anos. Apenas 2% pedem esmolas e pouco menos da metade (49%) dos adolescentes trabalham mais de 7 horas diárias por dia.
Pouco mais de 45% dos adolescentes moradores de rua admitiram usar ou já ter usado drogas. Desses, 8,7% fazem uso apenas de drogas lícitas (cigarro e bebidas alcoólicas) e 36,5% consomem drogas ilícitas. As drogas mais consumidas são cigarro (31,1%), maconha (23,4%), bebida alcoólica (14,4%) e crack (10,8%).