Especialistas apontam soluções para os Ambientes Costeiros
Não há registros na história de um evento com tantos profissionais de diferentes universidades e instituições. Ao todo, 13 instituições de ensino, entre universidades, faculdades e escolas estão representadas, além de 10 representantes governamentais e de órgão públicos e 14 organizações não governamentais.
Segundo a gestora do Fórum Regional do Mar, Dóra Laidens, o evento está atingindo seu objetivo. “Quando pensamos o Fórum queríamos algo que agregasse, que promovesse uma visão inter-setorial e multidisciplinar dos ambientes costeiros, objetivando o desenvolvimento sustentável associado ao desenvolvimento socioeconômico. Todas as palestras até agora vêm ao encontro deste objetivo, facilitando a compreensão da biodiversidade e os bens naturais como elementos vitais para o desenvolvimento turístico e na qualidade de vida. O Fórum se propõe a integrar os setores e estamos atingindo este objetivo”, declarou.
O estudante do 5º semestre de Biologia na ULBRA Torres, Rômulo Costa, é um dos voluntários envolvidos no Fórum. “O que me motivou a ser voluntário foi o foco do evento, quero ter ele no currículo.
Participo do projeto Carcharias, realizado pela minha Universidade, e sei o quanto o ambiente costeiro da minha região está degradado. Quero ter informação para ajudar a mudar esta realidade, quero trabalhar com licenciamento ambiental e biologia marinha, e as palestras têm sido fundamentais para minha formação”, projetou.
Confira alguns dos temas abordados até agora:
Desenvolvimento das cidades
“Os urbanistas preferem cidades verticais do que as horizontais, pois concentram toda infraestrutura num só local, se tornando muito mais barato. A verticalização deve ser pensada, é preciso plano de urbanização desde o inicio. Há uma cidade na Coréia do Sul tão tecnológicas que são elaboradas com níveis de planejamento que permite ser um lugar ideal em questões ambientais. O gerenciamento costeiro demorará para ser aplicado, mas é fundamental para o desenvolvimento sustentável”, comentou Marcus Polette, da UNIVALI, salientando que leis existem, mas é preciso colocar em prática.
Utilização de recifes
“Os recifes artificiais são instrumentos de gestão e são multifuncionais porque protegem a praia. Países como Japão, que vive do mar, depende de peixe, mapearam tudo para fazer um aproveitamento de marés a fim de atrair peixes e formar cadeia alimentar. A função do recife é sempre positiva porque propcia a vida, ajuda na preservação das prais e melhora as ondas para os surfitas”, ponderou Paulo Hargreaves, da UFRJ.
Preservar é preciso
“Estamos debatendo problemas que já existem a pelo menos 100 anos. O geólogo Rudolf Glush em 1920 descreveu a fauna e flora da região de Torres, esta obra magnifica precisa ser publicada e debatida com a comunidade. Outro ponto que precisa ser revisto é a demarcação das áreas de sambaquis como patrimônio cultural da cidade. As areas rochosas devem ser preservadas, os estudantes e professores precisam observar e não destruir o local. O parque da Itapeva é a última parte de Mata Atlântica no Estado e precisa ser preservada. Hoje em um breve passeio por lá é possível encontrar construções, areas degradadas e vemos a população cada vez mais avançando pela área que deveria ser de preservação permanente”, apontou Ludiwig Buckup, da UFRGS.
Informar para preservar
O coordenador do curso de Biologia da ULBRA Torres, Walter Nisa Castro Neto, apresentou o trabalho realizado em prol da preservação e monitoramento de tubarões. “É impressionante, quando falamos que é tubarão as pessoas normalmente dizem que é preciso pegar (e matar) para proteger banhistas. Na verdade as pessoas precisam de informação e se despir de preconceitos e pensar em preservar”, comentou.
Usar os recursos naturais para desenvolver
“Devemos usar o explo do Japão, que utiliza todos os recursos a favor da população. É preciso investir em pesquisas que busquem o benefício da comunidade, possibilitando o crescimento com sustentabilidade. Os EUA criaram estruturas na Lousiana para os recifes artificiais, com profundidade, distância e boia de marcação”, apresentou Paulo Hargreaves.
Mortes em redes de pesca
A presidente do Istituto Thiago Rufatto, Neusa Rufatto, apresentou o trabalho que a Ong Mar Seguro desenvolve, emocionando os participantes do 1º Fórum Regional do Mar. “Meu filho perdeu a vida de maneira estúpida. Ele ficou preso em uma rede de pesca enquanto praticava seu esporte favorito, o surf. Infelizmente o Rio Grande do Sul ainda tem a pesca com redes de cabos fixos, que já vitimaram 49 surfistas ao longo dos anos. Penso que é preciso preservar a vida acima de tudo. Este formato de pesca não gera renda, prejudica o desenvolvimento de diversas espécies e ainda tira vidas inocentes. Temos de mudar este quadro, é uma responsabilidade de todos”, finalizou. Paulo Hargreaves, professor da UFRJ salientou que no Rio de Janeiro os próprios pescadores proibem este tipo de pesca. “É um absurdo ainda existir este tipo de pesca aqui. É lamentável, desde os anos 60 ela não é mais usada no Rio e os próprios pescadores não querem usar este tipo prática”, comentou.
Entendimento e diálogo para evitar mortes
Segundo o representante do Ministério da Pesca, Celso Kops, é preciso dialogar com todos os públicos envolvidos no problema das redes de pesca com cabo fixo no Rio Grande do Sul. “É preciso haver entendimento que os reais pescadores sabem utilizar seus equipamentos (redes, tarrafas, e demais artefatos) de maneira correta e identificada, sem colocar a vida de ninguém em risco. Somos solidários a Neusa Rufatto e as demais famílias que perderam seus filhos. É preciso juntar os pescadores, surfistas, gestores públicos e ONG`s, para juntos acharem uma solução e evitar outras mortes. Queremos o bem da população, e acredito que é preciso ouvir esta população”, ponderou.
Turismo criativo
O professor chileno Sérgio Molina apresentou a palestra Turismo Creativo: el fin de la competitividad. “Para se ter um bom aproveitamento com o turismo criativo é necessário romper com barreiras, abrir o pensamento para o novo. O turismo criativo depende de aproveitar todas as capacidades que existem na comunidade, é preciso ativação da memória”, afirmou Molina.
Exposições e atividades paralelas
Diversas atividades paralelas aos debates, palestras e workshop, compõe o 1º Fórum Regional do Mar. A comissão organizadora preparou exposições de fotografias, banners de trabalhos científicos, banner de entidades que defendem a preservação ambiental, estandes com profissionais para prestar informações, além de ofertas de livros relativos ao Meio Ambiente.
Entidades de diferentes ramos de atividade trabalham juntas para que o Fórum Regional do Mar se torne um marco na história. A realização é da Prefeitura Municipal de Torres. A organização é da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Torres Natural, curso de Ciências Biológicas da ULBRA Torres e da Associação dos Surfistas de Torres (AST); o patrocínio é da Cadiz – A vida em construção, Corsan e Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
O apoio é do Batalhão Ambiental da Brigada Militar, Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí, Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) através da Divisão de Saneamento – FEPAM/DISA, Gerenciamento Costeiro (GERCO) e do Museu de Ciências Naturais – FZB/MCN, Grupo de Mamíferos Marinhos do Rio Grande do Sul (GEMARS), Marinha do Brasil, Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério Público Estadual/Projeto Ressanear – MPE, Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA/Rio Grande), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Projeto Baleia Franca, Projeto Baleia Jubarte, Sea Shepherd/Núcleo RS, Serviço de Patrimônio da União (SPU), Secretaria Estadual de Saúde/Centro Estadual de Vigilância em Saúde (SES/CEVS), Secretaria Estadual do Meio Ambiente/Parque Estadual de Itapeva (SEMA/DEFAP/PEVA), Prefeitura de Porto Alegre/Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), Secretaria Municipal de Turismo, Comércio e Indústria de Torres (SMTCI), Secretaria Municipal de Saúde de Torres (SMS), Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e da Universidade de Luterana do Brasil (ULBRA).