Agricultores buscam conhecimento sobre cultivo de banana no Litoral Norte
Ladi foi participar do evento para ampliar o conhecimento, pois a família pretende aumentar a produção de banana em Igrejinha, no Vale do Paranhana, porque eles estão fornecendo a fruta para a alimentação escolar. O casal visitou as quatro estações onde receberam informações e aproveitaram para tirar dúvidas. Primeiro, eles conheceram os cultivares de banana da Embrapa Mandioca e Fruticultura (sede em Cruz das Almas, BA), que são plantados pela família de Celito Webber Behenck.
Nesta propriedade, são analisadas 13 cultivares produzidas no sistema orgânico. O trabalho foi iniciado há três anos, através de uma parceria do agricultor com a Emater/RS-Ascar e a Embrapa. Além desta unidade de observação, existe outra no município que segue o sistema convencional e que foi instalada em novembro de 2007 na propriedade de Paulo Hoffman Valim, na localidade de Morro de Dentro.
O pesquisador Edson Perito Amorim, líder do programa de melhoramento genético de bananeira da Embrapa, explicou que em 2013 foram finalizadas as avaliações de adaptação ao solo gaúcho, resistência as doenças e de aceitabilidade no mercado local. As espécies com maior aceitação foram a BRS Platina e a BRS Princesa. Amorim destaca que o mais importante para iniciar o plantio é ter mudas isentas de viroses.
Já na segunda estação, o técnico agrícola da Emater/RS-Ascar Paulo Cesar Peretto Dalpiaz demonstrou como deve ser feito o teste para análise da lotação do bananal e o manejo adequado. O produtor deve separar uma área de 10 metros por 10 metros e contar quantas bananeiras existem neste espaço. O ideal é que se tenha, no máximo, 16 plantas. Isto equivale a um total de 1.600 plantas por hectare. “Mais do que isto, o espaçamento fica muito apertado, dificulta a entrada de luz e sol e o manejo fica prejudicado”, salientou Dalpiaz.
O pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Zilton Cordeiro ressaltou que não adianta só ter mudas resistentes a doenças para garantia de uma boa produção. É preciso também fazer análise do solo para racionalizar o uso de produtos, manejar adequadamente as áreas e realizar a poda fitossanitária.
Na terceira estação, foram abordados os cuidados pós-colheita e a climatização da fruta para uma boa apresentação ao mercado consumidor. Os assuntos foram abordados pelo agrônomo da Emater/RS-Ascar Luís Bohn, o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Márcio Canto, e o produtor Manoel Evaldt Webber, que integra a Associação Costa Verde de produção ecológica.
Segundo Webber, há 15 anos eles têm uma associação com cinco famílias que produzem e vendem bananas ecológicas. O serviço é dividido entre as famílias, que vendem direto aos consumidores em feiras em Caxias do Sul e Porto Alegre. “Há uns dez anos, a climatização era feita em recipientes grandes e colocados 10% de bananas maduras e o restante de verdes. No final o recipiente era envolto em um plástico para que tudo ficasse bem vedado”, explica. No Dia de Campo, os participantes puderam conhecer a câmara de climatização que pertence à associação e como ela funciona.
Na última estação, os participantes visitaram um espaço de convivência para conhecer o artesanato feito à base de fibra de bananeira, os bolos de banana, doces, chips e passas feitas com a fruta.
Participaram do Dia de Campo visitantes de Ivoti, Igrejinha, Torres, Morrinhos do Sul, Itati, Terra de Areia, Maquiné, Osório, Mampituba, Dom Pedro de Alcântara, Caraá, Três Forquilhas, Três Cachoeiras, Santa Catarina e Pernambuco.
Para o técnico agrícola do Instituto de Pesquisa Agronômica de Pernambuco Edgar Oliveira de Almeida, foi interessante conhecer o sistema de produção de banana orgânica desenvolvida no Rio Grande do Sul. “Na comunidade em que atuo existe muita plantação de banana, mas é diferente porque os produtores de lá seguem o sistema tradicional”, avaliou Almeida. O técnico participa de uma visita técnica ao Estado desde segunda-feira.