Senado adota cautela sobre suplente de Roriz
As denúncias que já surgem contra o suplente do ex-senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), Gim Argello (PTB-DF), são avaliadas com cautela pelos membros do Conselho de Ética do Senado. Para os senadores, ainda é cedo para apontar suposta quebra de decoro antes que Argello assuma a vaga de Roriz, que renunciou na noite de quarta (4).
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), por exemplo, diz que Argello não poderia sofrer processo no Conselho de Ética por acusações referentes a um período anterior ao mandato dele. “O problema dele é criminal. A quebra de decoro é no exercício do mandato. O que ficou para trás é matéria do Supremo Tribunal Federal (STF)”, disse. “Por esses fatos, ele não pode ser investigado no Senado”, disse.
O PSOL, que pediu o processo contra Roriz, ameaça entrar com uma representação contra Argello, que ainda não definiu a data de sua posse. O presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), afirmou que não quer fazer “prejulgamento”. “Se chegar alguma representação, vamos avaliar sua legimitidade”, disse.
Já o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) critica a postura do PSOL de cogitar pedir processo contra o suplente de Roriz. “O PSOL quer bater o recorde de representações em pouco tempo”, disse.
Argello é investigado por irregularidades apuradas na Operação Aquarela, da Polícia Civil do Distrito Federal. A operação policial foi o principal motivo da renúncia de Roriz, flagrado numa conversa telefônica tratando da partilha de um saque de R$ 2,2 milhões no BRB (Banco de Brasília).
Argello é apontado como intermediário da transação, considerada irregular por não ter sido declarada ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Além disso, Argello também teria participado de uma transação imobiliária suspeita durante a gestão de Roriz no Distrito Federal. Um terreno de 80 mil metros quadrados, comprado pelo empresário Wigberto Tartuce de quatro fundos de pensão ligados a órgãos públicos do governo distrital, teria rendido R$ 23 milhões de lucro a Tartuce, que é ligado ao empresário Nenê Constantino.
Investiga-se a possibilidade de os R$ 2,2 milhões serem uma comissão pela venda do terreno.