Imprensa critica Google por acordo com a Tailândia
Um grupo de advogados de imprensa está preocupado com a decisão do Google em bloquear vídeos para usuários da Tailândia, considerados inapropriados ou ilegais pelo governo do país asiático.
A Federação Internacional dos Jornalistas (da sigla em inglês, IFJ) chamou o acordo entre o governo tailandês e o Google de “acordo de censura” nesta quarta-feira (05/09), afirmando ainda que a decisão pode criar “um precedente perigoso, que pode ocasionar ações globais relacionadas à liberdade de expressão”.
Para a federação fica claro que há um grande potencial de a decisão se tornar uma ferramenta de abuso ao direito de informação.
“O Google demonstrou sua conivência com o governo em censurar a informação”, afirma Jacqueline Park, diretora da IFJ na Ásia em uma declaração.
Nem o Google ou a embaixada da Tailândia em Washington responderam aos comentários.
Na última sexta-feira (31/08) e durante o final de semana, várias fontes de notícias em Bancoc afirmaram que o governo declarou uma suspensão de cinco meses ao YouTube para os residentes, após a decisão do Google em bloquear os vídeos que o governo acreditar serem inapropriados.
Em um artigo na sexta-feira (31/08), o International Herald Tribune citou Sitthichai Pookaiyaudom, Primeiro Ministro tailandês, dizendo que o YouTube concordou em bloquear vídeos considerados ofensivos à cultura tailandesa, violando a legislação local.
Pessoas acessando o site fora da Tailândia irão assistir aos vídeos normalmente, afirma o Primeiro Ministro.
Em abril o governo tailandês bloqueou totalmente o acesso ao portal de vídeos, porque alguém havia postado um vídeo que insultava o rei, segundo o governo.
Os considerados culpados por ofender a monarquia enfrentam fortes penalidades. Alguns dias antes do incidente do YouTube, um cidadão suíço, vivendo na Tailândia, foi condenado a dez anos de prisão por desfigurar imagens do rei.
Recentemente a Tailândia decretou o Ato de Crimes de Computação, o que dá às autoridades o poder de confiscar computadores das pessoas que supostamente acessem ou criem conteúdos inapropriados ou pornografia, de acordo com a IFJ.
O Repórteres Sem Fronteiras, outra organização internacional que defende a imprensa, afirma que um blogueiro tailandês nomeado Pichai está detido há 12 dias, por violação do ato, que segundo grupo de jornalistas está em vigor desde 28 de julho.
Para o Repórteres Sem Fronteiras, a prisão do blogueiro confirma os temores de que um ato para combater pornografia, será na verdade utilizado para controlar e restringir a liberdade de imprensa.