A Copa é nosso “Belo Antônio”
Pois bem, assim está revestido o Brasil nesta Copa, potente e vistoso por fora, mas corroído por dentro.
Antes que me venham com ladainhas enfadonhas, vou logo esclarecendo: torço, sim, pela seleção brasileira, apesar de ter consciência de que a vitória possa render dividendos políticos para o PTe apoio a postura do Felipão e de seus jogadores em não se prestarem ao indigno papel de prosélitos do governo. Parabéns para eles!
Porém, todo esse brilho e glamour – literalmente para inglês ver –não deveriam ofuscar nossa percepção a respeito das mazelas que assolam o país e dos graves acontecimentos que se desenrolam paralelamente à Copa.
Enquanto comemos pipoca no sofá com nossas bandeirolas em punho, o governo avança sobre nossa democracia. Não me canso de afirmar: o PT, como qualquer outro partido alinhado com a ideologia bolivariana, não é, por assim dizer, nume da liberdade.
Como se o Decreto 8.243, assinado pela presidente Dilma, que procura substituir a democracia dos milhões pela democracia dos poucos milhares atrelados ao partido já não fosse o suficiente para disparar o alarme contra governos autoritários, eles não se encabularam em criar uma lista negra de jornalistas, uma espécie de versão esquerdista do macartismo americano. Na tal lista negra – e é para valer, pois foi publicada na página oficial do PT– estão Arnaldo Jabor, Augusto Nunes, Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Guilherme Fiuza, Danilo Gentili, Marcelo Madureira, Demétrio Magnoli e Lobão, satanizando-os e, evidentemente, expondo-os a riscos físicos.
É axiomático que o regime verdadeiramente democrático não comporta qualquer tipo de lista negra, muito menos quando a razão pela qual se é incluído na tal lista é simplesmente discordar do governo. Nunca li, e desafio a me mostrarem, em que momento eles ameaçaram a democracia como quer fazer crer esse partido belicoso que dividiu o povo brasileiro entre “nós” e “eles” e visa substituir o papel da sociedade pelo dele próprio.
O PT e seu monumental anacronismo não possuem mais nada a oferecer ao país. Seu discurso exauriu-se. As circunstâncias e o “alinhamento dos astros” que fizeram a glória de sua gestão se acabaram. A onda na qual surfaram dissipou-se e o Brasil precisa mais do que retórica leninista e perseguição a opositores para desatar o nó em que se meteu.
Os programas sociais aperfeiçoados e expandidos pelo PT estão aí, não irão desaparecer, seja lá qual for o partido que venha ganhar as eleições. A pecha de verdugos sociais que o bufão Lula anseia colar em qualquer um que ouse discordar de seus desvarios não encontra mais fundamento lógico. O discurso do medo e da guerra entre a elite e o proletariado está ultrapassado há décadas. O governo sabe que agoniza e procura fazer o maior estrago possível antes de bater as botas. Quer morrer atirando. O fim da era petista é iminente, resta saber se vai arrastar-se por mais quatro anos ou, em um cenário auspicioso, já nas próximas eleições.
De todo modo, o “Belo Antônio” custará muito a sair da sua broxidão. Os estragos feitos pela incompetência, pela rapinagem e principalmente pelo aparelhamento da máquina pública será uma barreira dificílima de ser ultrapassada pelo próximo governo, que irá se deparar com uma malta de militantes petistas infiltrados em todas as instâncias que, se necessário, criarão todo tipo de dificuldades para a implementação do programa escolhido por milhões de brasileiros.
Num país que é carente de serviços básicos, tem um crescimento econômico pífio, uma inflação artificialmente controlada e juros elevados, é natural que se represe uma insatisfação generalizada que cobra, sim, o seu preço político: a queda da popularidade de Dilma nas pesquisas e a incerteza de reeleição.
Nosso “Antônio” possui até dia treze de julho para tentar impressionar as mais incautas estrangeiras, mas que não lhes permita conhecê-lo na intimidade. Seria por demais constrangedor.