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A fuga do Bar Roquete

Da Série “A Praça Júlio de Castilhos e a Turma do Murinho

Fevereiro de 1973: Poester, Alírio e Moisés Campello receberam o primeiro salário pelo estágio que faziam. A pé, subiram a Rua da Praia, ganharam a Independência e pararam no Bar Roquete, na esquina da Rua Coronel Vicente. Ali eles pediram cervejas. De repente, Moisés sugeriu:

— Vamos fugir sem pagar a despesa?

Alírio Noronha não esperou a resposta. Conhecia os amigos e, de pronto, saiu em fuga, logo seguido pelos companheiros sob os gritos dos garçons: “Pega! Pega!”. Alírio e Poester, como se fizessem “roleta paulista”, atravessaram a Independência, em direção às antigas casas geminadas de propriedade da Santa Casa; Campello preferiu seguir pela direita, em direção ao Centro.

Ao chegarem à rua, Poester e Alírio procuraram descer pelos fundos da Faculdade Católica de Medicina, passando por prédios de construção inacabada, aonde, anos depois, seria erguido o Hospital da Criança Santo Antônio, Vicente Scherer e Santa Rita. Notaram, na fuga, que os gritos dos garçons e a perseguição, misteriosamente, haviam cessado logo após terem atravessado a avenida. O certo é que, estranhamente, ao alcançarem a Sarmento Leite, ninguém os seguia…

O mistério se desfez no dia seguinte. Campello, na fuga acelerada, deixara na cadeira do Bar Roquete um envelope contendo os seus documentos pessoais. Ao dobrar a Rua Pinto Bandeira, deu-se conta do esquecimento. Resultado: retornou ao bar e pagou a despesa. A perseguição aos trocistas durara o tempo suficiente em que os garçons notaram que um dos fugitivos havia esquecido a papelada na mesa. Por que correr? Logo alguém voltaria para pagar a despesa…

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