A Prece – 2/3
O Processo
Perguntas 919 do Livro dos Espíritos:
Pergunta – Qual é o meio prático e mais eficaz para se melhorar nesta vida, e resistir aos arrastamentos do mal?
Resposta – Um sábio da antiguidade vos disse: Conhece-te a ti mesmo.
Pergunta – Compreendemos toda a sabedoria dessa máxima, porém, a dificuldade está precisamente em se conhecer a si mesmo: qual é o meio de o conseguir?
Santo Agostinho, em texto passado mediunicamente, responde-nos:
“- Fazei o que eu fazia de minha vida sobre a Terra: ao fim da jornada, eu interrogava minha consciência, passava em revista o que fizera, e me perguntava se não faltara algum dever, se ninguém tinha nada a se lamentar de mim. (…)”
A dificuldade de alguns em orar está intimamente relacionada à dificuldade de poder examinar seus próprios pensamentos.
A realização de uma prece exige o foco do pensamento no objeto da prece para que energia mental busque essa harmonia e força, essenciais para o estabelecimento de uma ligação com o plano superior.
O exercício que Santo Agostinho sugere não deixa de ser uma prece, pois focalizará nosso pensamento no objetivo do auto-exame de consciência, e este ato já nos coloca em condições de ligarmo-nos a algo mais elevado.
Perguntas 660 do Livro dos Espíritos:
Pergunta – A prece torna o homem melhor?
Resposta – Sim, porque aquele que ora com fervor e confiança é mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia os bons Espíritos para o assistir. É um socorro que não é jamais recusado, quando pedido com sinceridade.
“(…) – O essencial não é orar muito, mas orar bem. Essas pessoas crêem que todo o mérito está na extensão da prece e fecham os olhos sobre seus próprios defeitos. A prece, para elas, é uma ocupação, um emprego de tempo, mas não um estudo delas mesmas. Não é o remédio que é ineficaz, mas a maneira como é empregado. (…)”.
Orar, portanto, independe da forma. Isto é, não serão as belas palavras ou longas prédicas que irão revesti-la (a oração) de uma eficácia desejada, mas sim a sinceridade do coração e a intensidade do sentimento.
A prece não precisa necessariamente ser verbalizada em palavras, se o pensamento contiver a autenticidade e energia que eleve o espírito.
O lugar também é irrelevante, pois o pensamento independente de tempo ou espaço para se propagar no Universo, embora, é claro, as condições do ambiente auxiliam na busca de harmonia, quando possível.
Estabelecer um nível adequado de concentração mental para a realização de uma prece é um exercício constante, que se aprendido desde tenra idade, sedimenta tranqüilidade e fé desde cedo nos jovens corações.
Um dos principais benefícios da prece é criação das condições para conquista de paz interior, pelas muitas tribulações a que estamos afeitos na vida (não só na Terra, mas pela eternidade que nos caracteriza).
Diz-nos Gerson Luiz Tavares em seu livro Dinâmica do Pensamento, no Capítulo Auto-auxílio:
“Precisamos de uma filosofia comportamental, consciente dos objetivos da vida. Necessário estabelecer metodologia adequada, que nos liberta da rotina e salvaguarda das ansiedades e excessos das práticas excitantes.”
“Como realizar um projeto de vida sem o raciocínio debruçado na análise da existência, seus caminhos e destinos?”
“Como viver sem organizar os conceitos, as idéias em torno do que se deve e se pode, do que é útil e desnecessário, do que é bom e mau?”
Outro benefício da prece é a vigilância do nosso pensamento.
Quando reservamos momentos para examinar nossos atos, agradecer, pedir ou louvar, trazemos nesta ocasião uma oportunidade de verificar se não estamos nos desviando do bom caminho, se estamos sendo coerentes com o que nos propusemos a fazer da vida em outras ocasiões, ou repensar os objetivos, à luz de recentes experiências.
Citando o sábio Confúcio: “(…) a vida é um eco. Se não gostamos do que estamos recebendo, devemos prestar atenção ao que estamos emitindo”.
Lembremos também da citação das palavras do mestre Nazareno, no Evangelho de Mateus (26,41): “Vigiai e Orai, para não cairdes em tentação”.
O que pode acontecer durante uma prece?
Por curta ou longa que seja, tendo ela alcançado a qualidade desejada de sinceridade, os benefícios e conseqüências são inúmeros, a que nos relatam nossas próprias experiências de vida e depoimentos da Plano Espiritual.
Quantos de nós já não experimentou uma paz e renovação de forças após uma fervorosa prece solicitando auxílio?
Quantos de nós já não testemunhou de outras pessoas o enfrentamento de desafios, amparados pela prática constante da prece?
No momento da prece (seja ela de que natureza for), estabelece-se uma ligação com o Plano Superior. Abre-se um canal de comunicação, por onde transita o chamamento a Espíritos Superiores, que acorrerão em amparo ao espírito necessitado e merecedor, através da influenciação mental, em correntes energéticas de precioso auxílio, que muitas vezes atuarão no próprio corpo perispiritual e físico.
A prática constante da prece garante-nos acesso à fonte renovadora das boas energias cósmicas, que mantém acesa nossa chama de fé conquistada.
Continua …