Abolição da escravidão – Suely Braga
A escravidão acabou em 13 de maio dos idos de 1888. Mas as coisas mudaram tão lentamente, quase não mudaram e os negros vivem num mundo desigual. É preciso ter olhos para ver e ou-vidos para ouvir que o Brasil ainda se debate entre o sentimento branco de superioridade.
Os portugueses que vieram colonizar o Brasil precisavam de mão de obra barata, foram em busca de negros na África para escraviza-los.
Só em 13 de maio de 1888 é que a Princesa Isabel Proclamou a Lei Áurea, abolindo a escravidão.
Em 1850 foi dado o primeiro passo, findando o tráfico negreiro. Em 28 de setembro de1871, vinte anos mais tarde, foi promulgada a Lei do Ventre Livre, que tornava livre os filhos de escravos que nascesse a a partir de então.No entanto, a vida dos negros não ficou mais fácil. A maioria não encontrou trabalho. Os negros se viram sem eira nem beira, sem rumo, sem norte, procurando sobreviver sua existência, num mundo em que foi subjugado.
Os negros continuam até hoje sendo marginalizados, vítimas de preconceito, sofrendo discriminação.
A elite brasileira continua discriminando o negro que construiu as nossas riquezas com seu suor e sangue.
Atualmente os negros ganham metade da renda dos brancos. A igualdade levará mais de 70 anos.
Nos presídios brasileiros a maioria dos presos são pobres e negros, que estão há anos esperando a liberdade, que nunca chega. A grande maioria cometeu pequenos crimes e a justiça brasileira lenta, surda e cega não resolve o problema.
Conforme pesquisas de Marta Araújo, em sua análise, verificou que é também comum um “ silenciamento da luta política” de libertação. Ela considera que uma das questões graves é justamente porque o racismo é desumanização.
Negros tem escolaridade muito mais baixa que a dos brancos o que afeta o rendimento salarial. Eles têm pior formação o que traz impacto negativo para a renda e educação dos filhos.
A discriminação racial existe e é difícil pensar que não há racismo. Os negros têm pouco acesso aos programas sociais.
Este racismo vem desde a escola e as instituições prolongam, porque a sua concepção foi feita num mundo que pensa só no privilégio dos brancos.
O Brasil tem uma cultura escravocrata até hoje. Se pensarmos no momento atual, se vive no país um Regime de Exceção comandada por homens brancos, ricos e corruptos, que mantem o povo pobre da periferia, das favelas, especialmente negros sob o tacanho do autoritarismo e da barbárie, onde a desigualdade social aumenta de um modo descomunal.
A elite e a hierarquia brasileira mantém com garra o poder e quer retroceder à época da Casa Grande e da senzala.
O Brasil foi o último país a abolir a escravidão.