Amorim defende decisão de não receber presos de Guantánamo
“Houve sondagens efetivas [do governo americano], mas o Brasil não achou adequado que devesse recebê-los por várias razões. Algumas eram pessoas suspeitas de terrorismo. O mais normal seria, se eram inocentes, que encontrassem de volta seu caminho na vida. Não havia razão para a gente importar um problema que não tem nada a ver conosco”, disse Amorim, no Rio de Janeiro.
Amorim minimizou um possível mal-estar provocado pela divulgação de documentos confidenciais, dizendo que, entre as informações vazadas, não havia nada muito “secreto”. “Não tem nada ali que seja top secret. Tem coisas que, ou a gente já sabia ou são interpretações subjetivas de agentes diplomáticos”, disse.
Segundo ele, no entanto, há documentos com teor interessante, como um despacho do embaixador norte-americano em Honduras, na época do golpe contra o então presidente Manuel Zelaya. “Há declaração do embaixador norte-americano em Honduras dizendo que foi um golpe totalmente contra a Constituição, que contrariava totalmente a democracia nas Américas. Isso é muito interessante, porque nós [do governo brasileiro] fomos muito criticados, por muitos, inclusive por alguns de vocês [da imprensa]”, disse.
Amorim também comentou as declarações dos Estados Unidos de que a diplomacia brasileira teria uma posição antiamericana. “Faz muito tempo que é assim. A não ser em momentos em que o Itamaraty foi especialmente compreensivo em relação a pressões estrangeiras, o Itamaraty é a primeira linha de defesa da soberania e tem a visão de conjunto. Muitas vezes, uma coisa que pode parecer atraente a um ministério, no seu conjunto pode trazer um preço que não vale a pena pagar”, afirmou.