Ancorados na esperança, exercitando a caridade – Dom Jaime Pedro Kohl
O encontro proposto para a reflexão nos pequenos grupos, na quarta semana de nossa caminhada em preparação para a celebração da Páscoa, tem como tema: “Ancorados na esperança, exercitando a caridade”.
O sentido de estar ancorado remete a estar firmemente agarrado a algo fundamental e sólido, que nos proporciona segurança e certeza de proteção.
A esperança cristã, que brota da fé e da confiança em Deus, nos transmite essa sensação. É como a atitude de um menino que, mesmo em meio a uma tempestade, permanece sereno porque sabe que quem está pilotando o navio é seu pai. Essa esperança, longe de ser acomodação, se traduz em exercício de caridade.
A pessoa que tem esperança não se fecha em si mesma, mas se abre aos irmãos ao seu redor, agindo com generosidade.
Como lemos na acolhida do encontro:
“A caridade, desde o início do cristianismo, sempre foi um dos distintivos dos que seguiam Jesus. O Senhor veio instaurar o Reino da graça, que passa pela justiça e pela prática do bem, especialmente em favor dos que mais necessitam. A caridade pode ser entendida como um dos nomes de Deus: ‘Deus é amor’. Neste ano jubilar, somos convidados a nos tornar sinais de esperança para o mundo por meio da caridade, que resgata a dignidade e garante a todos uma vida conforme o sonho de Deus. Não se trata de oferecer migalhas, mas de doar o melhor de si.”
O texto bíblico sobre a pobre viúva, que deposita no cofre do templo uma pequena moeda – tudo o que possuía –, oferece a Jesus a oportunidade de transmitir uma grande lição, válida tanto para aqueles que o ouviam quanto para nós hoje: dá muito quem é generoso e o faz de coração. Podemos dizer que o exercício da caridade depende da esperança que habita a alma da pessoa, do espírito que a impulsiona em direção ao outro.
Como ensina Jesus: “Ela deu mais do que todos, porque os ricos davam do que lhes sobrava, enquanto ela deu tudo o que tinha para viver”. Essa atitude de generosidade e desprendimento provoca a ação da providência divina, que não se deixa vencer em generosidade.
A vivência do Jubileu se traduz em um sinal concreto de proximidade, cuidado e fraternidade, tornando-nos peregrinos da esperança.
Em nossa preparação para a celebração da Páscoa do Senhor, somos chamados a ser sinais palpáveis de esperança para muitos irmãos que vivem em condições difíceis: presidiários, doentes, jovens, migrantes, idosos, pobres… Como afirma o Papa Francisco, a esperança cristã fundamenta-se na fé e se alimenta pela caridade.
Portanto, ancorados na esperança, exercitemos a caridade, e as graças próprias do ano jubilar serão abundantes.
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório