Atingindo o clímax – Jayme José de Oliveira
PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
ATINGINDO O CLÍMAX
Nas democracias consolidadas, um parâmetro para nos guiar pode ser a análise das opiniões expandidas por jornalistas idôneos. Quando editoriais de jornais diversos e díspares – alguns até antagônicos – convergem sem maiores discrepâncias, exalam confiabilidade. Quando, ao analisarem situações de extrema relevância, concordam em tese e cerram fileiras, podemos crer que a verdade está implícita.
O trabalho executado pela Lava-Jato está sendo solapado, em breve será coisa do passado e não haverá mais nenhum delinquente atrás das grades. Aliás, era de se esperar uma solerte campanha de descrédito quando figurões passaram a ver o sol quadrado, eram muitos e oriundos de várias procedências.
A técnica de “melar” para tudo voltar à estaca zero se revelou eficiente quando delinquentes que antes eram inimigos figadais se uniram para salvar a pele.
A anulação de julgamentos que se vislumbra ao dobrar da esquina será a pá de cal na esperança de que o Brasil poderia, finalmente mudar e a Justiça venceria o infindável arsenal de recursos e filigranas jurídicos para reverter condenações e abortar futuras.
A possível reabilitação de corruptores condenados, muitos ladrões confessos dispostos a devolver parte do surrupiado a fim de se livrar das penas, é desanimadora.
“A Odebrecht comprometia-se a pagar, em valores corrigidos por baixo, mais de oito bilhões de reais”. (Juremir Machado da Silva – Correio do Povo, 19/02) Se comprometia a pagar? Ipso facto admitia ter havido o crime de corrupção. Para quem? A única dúvida a ser caracterizada.
“Não surpreende o desânimo de quem confiou que o Brasil havia mudado. A impunidade e o jeitinho são brasileiros e não desistem jamais”. (Marcelo Rech – Zero Hora, 20/02).
Após citar esses dois jornalistas de credibilidade ilibada, impolutos a toda prova, alicerço meu arrazoado em um nome acima de qualquer dúvida, que não pode ser contestado por políticos de nenhuma facção. Os de esquerda lembram Flávio Tavares que, nos “anos de chumbo” foi militante da esquerda partidária da luta armada contra a ditadura. Foi um dos presos políticos trocados pelo embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick e exilado no México. Após a Anistia Geral e Irrestrita passou a fazer parte de Zero Hora, onde refulge com suas colunas, independentes de ranços ideológicos, representam o que há de melhor na imprensa brasileira. São dele os excertos que reproduzo:
“A expansão da pandemia é tão alarmante que, agora, inunda a política. De um lado, regredimos à eleição de 2018, quando a maioria confiou, de boa-fé, nas palavras de Bolsonaro que hoje se revelam reles fantasias”.
“O mais daninho, porém, é desacreditar – ou exterminar – a operação Lava-Jato, tal qual propõe o ministro Gilmar Mendes, do STF, relator do pedido dos advogados de Lula da Silva de declarar “suspeição” do então juiz Sérgio Moro. Aceitar essa tese é destruir a investigação que revelou como grandes empresários e políticos se juntaram num sórdido conluio cujo único fim era a rapina”.
“O efeito colateral da “suspeição” de Moro leva a pandemia à política e ao sistema judicial. O juiz não cerceou a defesa do réu, só quis ir ao cerne da trapaça. Mas, agora, o Supremo Tribunal pode, talvez, transformar o juiz em réu, invertendo a ordem natural da Justiça!”.
OREMOS!
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado