Baby Doc é denunciado por crimes contra a humanidade
A recomendação pela denúncia formal foi apresentada pela ex-porta-voz das Nações Unidas Michele Montas e mais três haitianos presos durante o governo de Baby Doc. Michele afirma que as acusações incluem detenção arbitrária, destruição de propriedade privada e tortura.
Ela é respeitada por sua atuação como ativista de direitos humanos e jornalista haitiana e foi porta-voz do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. A acusação ocorre um dia após promotores haitianos indiciarem Duvalier por corrupção e enriquecimento ilícito. Um juiz decidirá se abrirá processo para analisar as denúncias.
As novas acusações atendem a pedidos de organismos internacionais de direitos humanos, que pressionam para que o ex-líder seja julgado por ter ordenado a tortura e a morte de milhares de haitianos.
Baby Doc, de 59 anos, assumiu o poder no Haiti aos 19 anos de idade, após a morte de seu pai, François Duvalier, líder conhecido como Papa Doc, que governou o país entre 1957 e 1971. Baby Doc é considerado responsável pela saída de mais de 100 mil pessoas do país durante seus 15 anos no poder, quando se declarava “presidente vitalício”.
O retorno de Baby Doc ocorreu exatamente no dia em que estava marcado o segundo turno das eleições presidenciais no Haiti, mas a votação foi adiada por causa de uma disputa em torno dos nomes que deveriam constar na cédula eleitoral.
O candidato governista, Jude Celestin, e o cantor Michel Martelly querem participar do segundo turno com a ex-primeira-dama Mirlande Manigat, considerada vencedora do primeiro turno, em 28 de novembro, em uma votação criticada devido a relatos de fraude, violência e intimidação de eleitores.
Especialistas temem que o retorno de Baby Doc ao Haiti seja uma tentativa de eleger Martelly, mas o ex-presidente ainda não expôs oficialmente quem seria seu preferido na corrida eleitoral.