Bovespa opera em queda devido a incertezas nos EUA
Para o professor de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), Ricardo Almeida, os investidores estão se afastando dos mercados emergentes por não saber quais serão os efeitos do plano econômico aprovado nos Estados Unidos. “[Os investidores] Preferem migrar para mercados que não dependam do comportamento da economia americana”, explicou.
Na terça-feira (2), o Senado norte-americano aprovou, após intensas negociações, um plano de US$ 2,4 trilhões em corte de gastos e que, ao mesmo tempo, elevou o teto da dívida na mesma proporção. Sem o acordo, o país teria de dar o calote no pagamento de parte dos títulos da dívida.
Como o Brasil é o quarto maior credor dos Estados Unidos, Almeida diz que os investidores tem preferido migrar para aplicações mais seguras do que o mercado de ações brasileiro. As opções preferenciais têm sido, segundo ele, o ouro e os títulos de renda fixa. “A nossa taxa de juros é muito alta, esse é outro fator que faz a nossa bolsa cair. Os investidores estão ganhando muito aqui no Brasil, no mercado de renda fixa, onde o retorno é mais garantido que o mercado de ações”, ressaltou.
A melhor maneira de lidar com o desequilíbrio externo é, na opinião do especialista, o fortalecimento do mercado interno. Ele acredita, inclusive, que o governo federal pretende estimular o consumo caso a crise se agrave. “O ministro [da Fazenda, Guido] Mantega, deu indícios que há um plano no caso da desaceleração econômica”.
Se não houver uma ação para apresentar, ao exterior, o Brasil como uma alternativa de investimento, Almeida acredita que o país pode ser embarcado nos problemas globais, que só devem se resolver após as eleições norte-americanas, em 2012. “Os Estados Unidos vão mal e puxam o mundo todo junto”.