Brasil entra na rota do tráfico de haitianos
O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão, disse à Agência Brasil que as investigações em parceria com a PF tiveram início há 30 dias. Segundo ele, depois de Inocente confessar em depoimento na Polícia Federal que fazia tráfico de imigrantes do Haiti, ele foi recolhido para a penitenciária da capital acriana, onde ficará detido enquanto responder a processo por tráfico de seres humanos e estelionato.
O menor está sob a guarda da Secretaria de Direitos Humanos e foi encaminhado de volta ao abrigo, em Brasileia (AC), onde 1.100 haitianos aguardam regularização, pela Polícia Federal, da entrada ilegal no Brasil. Nilson Mourão informou que o governo do Acre tenta contato com os parentes do jovem no Haiti e na Guiana Francesa para que possam buscá-lo.
O secretário disse que o governo do estado já acompanhava os passos de Inocente Olibrice há algum tempo. Legalizado no Brasil, o haitiano foi identificado fazendo a rota entre Brasileia e Rio Branco com frequência. Na capital, ele adotou a estratégia de convencer os haitiano que tirariam a Carteira de Trabalho a partirem para a Guiana ilegalmente onde ganhariam em euros. Ao mesmo tempo, o coiote cobrava uma espécie de pedágio para o envio dos compatriotas ao outro país.
“Esse foi o primeiro coiote identificado e preso em Rio Branco. A prisão de Inocente só confirma a nossa tese que essa imigração também é organizada por coiotes que atuam no Brasil. As pernas desses traficantes de seres humanos tem que ser cortadas para estancar isso”, destacou Mourão. O secretário acrescentou que a ação dos coiotes só será “estancada” com ações conjuntas dos governos do Brasil, da Bolívia, do Peru e Equador.
Em novembro de 2012, quando a reportagem da Agência Brasil esteve em Brasileia e Rio Branco para acompanhar a imigração ilegal haitiana, o tráfico humano foi denunciado pelo pároco Onac Axenat, missionário da Sociedade dos Sacerdotes de São Tiago (SSST), da Igreja Católica. O padre disse que cada imigrante de seu país gasta até US$ 4 mil “para se submeter a uma rede de tráfico” comandada por coiotes que atuam em Porto Príncipe, capital haitiana.