Vida & Saúde

Engenheiro contesta teorias de que celular causa danos à saúde e defende instalação de mais antenas

O engenheiro eletrônico e de telecomunicações Gláucio Lima Siqueira, professor do  Departamento de Engenharia Elétrica da PUC do Rio de Janeiro, contestou, na reunião da CPI da Telefonia desta segunda-feira (5), as teorias de que o telefone celular pode causar câncer. Em depoimento à Comissão, presidida pelo deputado Ernani Polo (PP), o professor garantiu que as ondas eletromagnéticas transmitidas pelas torres de telefonia celular estão em baixa frequência e não oferecem riscos consideráveis à saúde. “Existem efeitos sobre o corpo, mas não implicam em alterações no funcionamento do cérebro”, disse.

De acordo com o professor, os níveis de irradiação de rádio-bases são muito baixos. Siqueira põe em dúvida a confiabilidade dos testes que comprovaram os riscos dos aparelhos celulares à saúde. Segundo ele, as cobaias são submetidas a situações estressantes e a altos índices de exposição à radiação, que não equivalem aos índices reais. “As evidências científicas de que celular faz mal à saúde são um engodo. Estudos laboratoriais não produziram evidências de efeitos carcinogênicos”, afirmou.

Sobre a legislação do setor, o professor acredita que deva ser menos restritiva para permitir a expansão do sistema de telefonia. “As legislações internacionais são seguras e devem ser respeitadas. E no Brasil os níveis de potência do sistema estão muito abaixo dos determinados pela lei”, afirmou Siqueira.

Capacidade do sistema
Para o engenheiro, a única forma de aumentar a capacidade do sistema de telefonia é diminuir o tamanho das antenas e seu raio de atuação, aumentando a quantidade de unidades. Em Porto Alegre, por exemplo, isso implicaria em uma alteração da legislação, que restringe a distância entre torres de telefonia em, no mínimo, 500 metros.

Conforme Siqueira, a potência da irradiação poderia ser reduzida de 100 para 5 watts, o que seria ainda mais irrelevante do ponto de vista dos riscos à saúde. “A energia seria menor do que a utilizada em um carrinho de brinquedo, mas funcionaria no celular”, explicou. Siqueira sugeriu que pequenas antenas sejam instaladas em hastes de iluminação pública. “A distância estabelecida pela legislação tem apenas efeito urbanístico, pois radiação não se mede pela distância”, esclareceu.

Nas cidades do interior onde não há restrição para colocação de antenas de celular, o engenheiro destacou que a melhoria do sistema depende exclusivamente das operadoras. “A falha de cobertura é uma questão de infraestrutura, que as operadoras devem melhorar”, ponderou.

Para o deputado Ernani Polo, é preciso buscar um ponto de equilíbrio entre as afirmações científicas de várias tendências. Além disso, o presidente da CPI defendeu a atualização da legislação, com um novo marco regulatório para o setor de telefonia. “Entendemos que a legislação tem que ser atualizada, visando um melhor atendimento ao consumidor”, ressaltou.

“Eu acredito na CPI, acho importante dar uma resposta à população (sobre os problemas da telefonia). Mas tem que tornar a vida das operadoras, em termo de estrutura, mais realizável, porque se não há condições de instalar mais antenas, o sistema não vai melhorar”, concluiu Siqueira.

Próximos passos

Na próxima quinta-feira (8), o deputado Ernani Polo vai a Brasília para participar de reunião da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais, onde será apresentado o balanço da CPI da Assembleia Legislativa do Paraná. Na próxima segunda-feira (12), será a vez do depoimento da Anatel – Agência Reguladora de Telefonia e ainda na semana que vem começam as audiências públicas da CPI no interior do estado.

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