Envenenamento em família: Veja o que a polícia concluiu
A Polícia Civil encerrou a investigação sobre um dos crimes mais chocantes dos últimos anos: o envenenamento em família que resultou na morte de quatro pessoas, provocado por Deise Moura dos Anjos, 42 anos.
Os detalhes foram divulgados na manhã desta sexta-feira (21), durante coletiva de imprensa.
Com mais de mil páginas, os dois inquéritos foram encaminhados à Justiça e confirmam que Deise usou arsênio para matar a sogra, duas cunhadas e o sogro entre setembro e dezembro de 2024.
O primeiro caso foi a morte de Paulo Luiz dos Anjos, em Arroio do Sal.
Meses depois, a farinha do bolo usada em uma confraternização de família em Torres foi contaminada, causando a morte de Neuza Denize Silva dos Anjos, Maida Berenice Flores da Silva e Tatiana Denize Silva dos Anjos.
Investigação confirma envenenamento premeditado
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A perícia confirmou que o sogro de Deise foi a primeira vítima. Exames realizados pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) comprovaram a presença de arsênio em seu organismo.
Em dezembro, a tragédia se repetiu com o bolo servido na confraternização.
Mensagens encontradas no celular de Deise indicam que a farinha utilizada pode ter sido contaminada quase um mês antes do evento fatal.
Além disso, Deise também tentou envenenar o próprio marido e o filho, servindo-lhes um suco contaminado. Ambos sobreviveram.
Compra de arsênio e frieza da suspeita
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Durante as investigações, a polícia descobriu que Deise adquiriu arsênio pelo menos quatro vezes em quatro meses. Registros mostram que as substâncias foram adquiridas online e entregues pelos Correios.
A suspeita chegou a pesquisar na internet por “veneno para matar humanos”.
Os delegados responsáveis pelo caso destacaram a frieza de Deise, que continuou convivendo normalmente com a família após os crimes.
“A cada nova descoberta, ficamos estarrecidos com o planejamento e a forma como ela se comportava”, afirmou a delegada Sabrina Deffente.
Mensagens encontradas na cela revelam novos detalhes
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Deise foi presa em janeiro de 2025, mas foi encontrada morta na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba em 13 de fevereiro, com sinais de enforcamento. A investigação concluiu que sua morte foi um suicídio.
Durante a coletiva de imprensa, o chefe da Polícia Civil do RS, Fernando Sodré, classificou o caso como um dos mais chocantes da história recente do estado.
Mensagens encontradas na cela da suspeita indicavam que ela nutria ressentimento contra a sogra, Zeli Teresinha Silva dos Anjos, e se via como vítima da situação.
“Mais uma vez sou a vilã e tu és a mocinha. Conseguiu ficar com tudo: meu filho, minha casa e meu esposo”, escreveu Deise.
Próximos passos da investigação
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Com a morte de Deise, sua responsabilidade criminal é extinta, conforme prevê o Código Penal. No entanto, a polícia ainda busca esclarecer como ela conseguiu adquirir os venenos.
Uma nova investigação será encaminhada ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), focando na empresa que forneceu o arsênio.
O caso serve de alerta para a gravidade do envenenamento em família e a necessidade de um maior controle sobre a venda de substâncias tóxicas.
A tragédia de Arroio do Sal e Torres deixa uma marca na história criminal do Rio Grande do Sul, expondo a crueldade de uma mente dissimulada e perigosa.
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