Eu, o encouraçado butikin e o Litoralmania - Sergio Agra - Litoralmania ®
Sergio Agra
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Eu, o encouraçado butikin e o Litoralmania – Sergio Agra

Querida e sempiterna Maria da Graça Dutra de Souza, parceira na confecção e venda dos polígrafos de nossas primeiras disciplinas na Faculdade de Direito da PUC, enviou-me o vídeo ‘Retorno da Placa de Xico Stockinger’ ao velho e lendário casarão número 936 da Avenida Independência, ícone das noites porto-alegrenses dos anos 1960/1970, o Encouraçado Butikin.

Na quarta-feira, 9 de outubro, foi reinaugurada esta que pretende ser a revivescência da mais glamorosa casa noturna de Porto Alegre de todos os tempos, assim como nesta inusitada e ventosa manhã de primavera retorno, após longo período sabático, à minha coluna ‘Notas Dissonantes’ neste inoxidável, formidável, laudável, indubitável, mas jamais irresponsável Litoralmania.

No clipe revi, além de outras personalidades da época, Claudinho Pereira, o mestre dos DC’s de todos os tempos, que embalou por décadas os sonhos dançarinos com seus LP’s diretamente importados dos USA e peça fundamental para o sucesso sonhado por Rui Sommer, o visionário, que juntamente com o colunista social Paulo Raymundo Gasparotto e o jornalista e professor Tatata Pimentel, foram os “pais” do Encouraçado Butikin.

Levado por instigante comoção eu repassei o vídeo aos amigos que compartilharam do apogeu e do final da exuberante vida noturna de Porto Alegre, tecendo o comentário, — “As noites de Porto Alegre nunca mais serão as mesmas!”.

Faltam o visionarismo de Rui Sommer, o carisma de Tatata Pimentel e a alegria contagiante de ‘Schullas’ Nonnenmacher que, por “ofício”, abria as danças na pista da casa. O Encouraçado Butikin dos anos dourados das noite alegre-portenses recebeu em seu pequeno e iluminado palco a media luz Ella Fitzgerald, Johnny Mathis, Vinicius, Tom Jobim, Betânia, Elizete Cardoso, Dorival Caymi, Quarteto em Cy, MPB 4, Clara Nunes, Nara Leão, Paulo Autran e tantas outras celebridades nacionais e estrangeiras. O brilho daquelas noites, como o dos habitués, das então aristocráticas famílias C.B., K.B., A.S, C.L. hoje falidas, desvaneceu! Cederam lugar aos emergentes, a classe mais alienada e estúpida, destituída de savoir faire e do que a noblesse oblige.

Essa “novidade”, salvo melhor juízo, não irá vingar! Jamais ressuscitarão o charme e o glamour do Independência, 936, primer piso desacensor, o Encoraçado Butikin, primeiro e único…”.

Somente desejo que o meu retorno ao Litoralmania não seja como a “reedição” do cover do Butikin: frustrante!

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