Inventaram o “Racismo Seletivo”
Fiquei estarrecido ao confirmar (sim, tive o cuidado de acessar) que um site de nome “Blog da Dilma, o maior portal da Dilma Russeff na internet” realmente publicou e manteve por vários dias uma foto aonde um chimpanzé divide o espaço com o Ministro Joaquim Barbosa. Apesar de não ser um site oficial do Planalto, portanto o mesmo não é responsável direto pelas publicações, certamente usa o nome “Dilma” com a devida autorização da dita cuja.
Não há nenhuma outra leitura possível de tal montagem fotográfica que não nos remeta ao mais nauseabundo ato de racismo e preconceito.
O estanho é que não houve indignação por parte de ONGs, de integrantes de movimentos sociais, nem ao menos uma nota oficial da SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) ou da grande imprensa. Nada! Parece-me que, se os insultos forem oriundos de “cumpanheiros”, não há crime de racismo e também não serão importunados pelas entidades que tratam do assunto.
Casos análogos a este sempre vêm escoltados por um clamor histérico a exigir pronta retratação e punição dos que desconsideraram os Direitos Humanos. Por que estariam as autoridades entidades e celebridades em tamanho silêncio?
Pelo visto, coexistem dois tipos distintos de negros no Brasil: os que servem à causa governista, e os que são contrários a ela. Só os primeiros seriam passiveis de racismo, os demais são tratados pelas autoridades com a truculência e o sectarismo que caracteriza o governo petista.
O Ministro Joaquim Barbosa, deveria ser motivo de orgulho e um exemplo a ser preservado. Mas, pelo contrário, é enxovalhado e desmoralizado por esta escumalha de fanáticos e vendidos. O motivo é um só: o Ministro não se vergou em face da realeza petista. Lula e seu séquito de lambe-botas queriam vê-lo prostrado de joelhos, servil e obediente, assim como alguns de seus colegas de toga. Isso não ocorreu! Não conseguiram subjugá-lo! Daí que da mente de algum gênio goebbeliano surgiu a brilhante ideia: “Por que não publicamos uma foto na internet onde o Ministro apareça ao lado de um sorridente chimpanzé?”.
Ele foi castigado pela desobediência e pela ingratidão àqueles que o teriam “presenteado” com o cargo de Ministro do STF. Segundo a mente distorcida e obscena desses corruptos, o Ministro haveria de seguir, incondicionalmente, a agenda político-partidária do PT. Livrar a cara dos mensaleiros, segundo os rapinadores de cofres públicos, é condição básica para merecer o cargo.
Veras, é que não há interesse real, político ou econômico em derrogar o racismo no Brasil. Os movimentos sociais, entidades e organizações que deveriam tratar do assunto, estão inclinadas em fomentar ainda mais o ódio e a intolerância, a fim de justificarem a captação cada vez maior de recursos públicos. Acabar com o racismo seria matar a “galinha dos ovos de ouro” de muitas ONG’s, secretarias, entidades e ministérios, além de privar o governo de um discurso populista que sempre lhe rendeu copiosos votos.
Se o escopo do governo e das ONG’s fosse realmente o de promover a igualdade entre os seres humanos, as campanhas deveriam apontar para o fato de que não existem genes raciais na espécie humana. Não existe isolamento genético dentre as populações. Raça na espécie humana é um conceito social, não é um conceito científico. Somos todos descendentes de um mesmo ancestral comum, o “Adão científico”.
A afirmação não é minha, mas de pesquisadores e cientistas da Universidade de Sassari, na Sardenha, que sequenciaram o DNA de 1200 homens dos mais variados lugares do mundo. Estimou-se que nosso ancestral comum teria vivido entre 180 e 200 mil anos atrás. Em outras palavras, todos os seres humanos que hoje habitam o planeta, dividem o mesmo “vovô”.
Já que a aceitação de tal conceito em sua magnitude beira a utopia, o racismo deve ser combatido em suas raízes sociais e culturais, e não me refiro só ao que atinge os negros, pois o racismo muitas vezes se esconde por trás de preconceitos regionais, estéticos, de classe ou religião.
Mandela dizia que: uma vez que o racismo é criação do homem, pode ser eliminada com ações do próprio homem. Recuperar o projeto democrático (o verdadeiro, não o bolivariano!) e construir um melhor equilíbrio entre progresso, liberdade e povo, pode levar à convivência mais afetuosa, fraterna e plural entre os que formam a complexa civilização contemporânea.