Linha de trem entre o litoral Norte do Rio Grande do Sul e o oeste do Paraná sofre reviravolta: a empresa Doha, que havia proposto a construção de uma ferrovia de 1.549 quilômetros, desistiu do projeto antes mesmo de concluir o processo de autorização junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A iniciativa, apresentada em agosto de 2023, visava conceder à companhia o direito de operar a linha férrea por um período de 99 anos, mas a ausência de movimentações recentes e de documentos complementares à proposta resultou na paralisação da tramitação.
A empresa é a mesma que, em 2020, entrou com pedido de licença ambiental para erguer o porto meridional em Arroio do Sal, sem que o projeto tenha avançado.
A ANTT confirmou que a análise foi temporariamente suspensa devido à necessidade de avaliar impactos de mudanças recentes na legislação ferroviária.
Linha de trem que ligaria litoral Norte do RS ao Paraná tem reviravolta
Apesar de uma breve retomada no ano passado, com a solicitação de complementações à Doha, a falta de resposta da empresa acabou encerrando o processo na prática.
Enquanto isso, outro grande empreendimento logístico ganha espaço no litoral gaúcho: a construção do novo porto do Rio Grande do Sul, encabeçada pela DTA Engenharia. A empresa firmou contrato com o governo federal e obteve autorização para desenvolver o projeto, que está em fase de licenciamento final.
O porto terá capacidade para movimentar cerca de 5 milhões de toneladas de carga sólida e a granel, 800 mil toneladas de líquidos, 1,8 mil toneladas de carga geral e até 300 contêineres por ano.
As obras estão previstas para iniciar em 2026.
A expectativa é de que o novo porto gere mais de duas mil vagas de trabalho durante sua fase de construção e impulsione a economia regional.
Defensores do projeto alegam que a nova estrutura melhorará significativamente o escoamento da produção e atrairá investimentos.
Por outro lado, há resistência de autoridades e empresários ligados ao porto de Rio Grande, que questionam a viabilidade econômica e logística do novo terminal.
Ambientalistas também levantam preocupações quanto ao impacto ambiental da obra, especialmente por estar situada em uma zona ecológica sensível.
O cenário evidencia o desafio de grandes projetos de infraestrutura no Brasil, onde a burocracia, a especulação e os entraves ambientais e políticos muitas vezes freiam iniciativas que poderiam transformar a logística nacional.
A desistência da linha de trem entre o litoral gaúcho e o Paraná é mais um capítulo dessa realidade complexa.