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Médicos brasileiros vão treinar equipes de saúde em Moçambique

Uma equipe formada por profissionais do Instituto Fernandes Figueira (IFF), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), embarca este mês para Moçambique, na África, com o objetivo de treinar médicos e enfermeiros das áreas de neonatologia e obstetrícia. Além disso, a missão vai ajudar na implantação de um serviço específico de neonatologia no Hospital Central de Maputo, inexistente no país.

A iniciativa faz parte de um acordo de cooperação entre a Fiocruz e os ministérios da Saúde dos países de língua portuguesa daquele continente. De acordo com o assessor de Cooperação Internacional da fundação, Carlos Linger, os índices de mortalidade materno-infantil em Moçambique são considerados bastante elevados pelas autoridades locais, embora não exista uma estatística oficial que revele os números com exatidão.

Outro indicador, no entanto, confirma as dificuldades que a população moçambicana enfrenta no acesso aos serviços de saúde: com mais de 20 milhões de habitantes, o país conta com somente 26 mil profissionais de saúde para atender a toda a demanda. Desse total, 4% têm nível superior, 16% nível médio e os 80% restantes têm apenas nível básico. Além disso, aproximadamente metade dos partos ocorre em ambiente domiciliar e sem acompanhamento médico.

“São indicadores altamente preocupantes. Falta material e capacitação de recursos humanos. Além disso, nas grandes cidades a população encontra hospitais, mas se você se afasta um pouco em direção ao interior, existem muitas dificuldades de se chegar, por exemplo, a um posto de saúde”, revela Linger.

Ele explicou, ainda, que desde o início do projeto, em 2008, já foram enviadas três missões brasileiras semelhantes, que treinaram mais de 250 profissionais de saúde, principalmente em Maputo, capital moçambicana. A missão atual vai trabalhar na capacitação de 110 profissionais na cidade de Beira, onde a situação, segundo Carlos Linger, é ainda pior.

O acordo de cooperação prevê também a participação de profissionais de saúde moçambicanos em programas de estágio no Brasil, como é o caso da pediatra Yassmin Mussa. Ela chegou ao Rio de Janeiro há dois meses e durante um ano vai conhecer como é o tratamento voltado a recém- nascidos no Instituto Fernandes Figueira. Após esse período, será responsável por multiplicar as experiências em sua terra natal.

“Em Moçambique faltam cursos, especialmente de qualificação. Existem pediatras, mas não especializados, por exemplo, na área de neonatologia. Outro problema que temos por lá é a defasagem tecnológica. Com certeza, essa parceria está possibilitando uma troca muito intensa de conhecimento. Quando eu voltar, terei uma responsabilidade muito grande de transmitir o que estou aprendendo”, afirmou a pediatra moçambicana.

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