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Morte de Garrincha completa 25 anos

Neste domingo, dia 20 de janeiro de 2008, a torcida brasileira e, principalmente, a do Botafogo têm motivos de sobra para lembrar e reverenciar o seu maior ídolo. Há 25 anos, Garrincha perdia a luta contra o alcoolismo e morria vítima de uma infecção generalizada.

Porém apesar de ser um dos maiores craques da história do clube, o Botafogo não preparou qualquer homenagem a Garrincha. A data vai passar em branco também para a CBF, apesar de Mané ter conquistado duas Copas do Mundo, em 1958 e 1962, sendo protagonista na segunda.

Gênio da bola reconhecido no mundo inteiro, Garrincha morreu praticamente esquecido. Situação que perdura até hoje, como prova o abandono de seu túmulo no cemitério Raiz da Serra, em Magé, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Uma das filhas de Mané, Rosângela dos Santos, considera que o pai não tem o reconhecimento que devia. Atualmente, a família do ídolo alvinegro briga com o Botafogo para que o busto do craque não saia do Maracanã para o Engenhão.

– Com certeza meu pai não tem esse reconhecimento. A imprensa sempre está mostrando tudo aquilo que ele fez, mas a gente queria fazer algo para que ele fosse lembrado pelo povo – disse.

Indicado para a seleção dos maiores jogadores do século XX por 250 jornalistas de todo o mundo em junho de 1998, Garrincha foi o maior driblador da história do futebol. E chamava todos os marcadores de “João”.

Atualmente é fácil qualificar o craque que jogava de forma irresponsável e encantadora. Mas Garrincha tinha tudo para dar errado. Dono de uma distrofia física, o craque possuía as pernas tortas. A esquerda era seis centímetros mais curta do que a perna direita. E era ligeiramente estrábico. Antes da Copa do Mundo de 1958, ele foi reprovado nos testes psicotécnicos da seleção brasileira. Precisava de, no mínimo, 123 pontos para passar. Garrincha fez 38. Em um dos testes, desenhou um homenzinho com cabeção. “É o Quarentinha, meu colega de seleção e do Botafogo”, explicou o craque para o psicólogo. Só não foi cortado por causa de uma manobra de seus companheiros, entre eles, Nilton Santos.

O primeiro jogo de Garrincha com a camisa do Botafogo aconteceu no dia 21 de junho de 1953 em um amistoso contra o Avelar-RJ. O placar: 1 a 0, gol de Garrincha. Na volta da excursão, o preparador físico Paulo Amaral, responsável pela equipe na época, colocaria em seu relatório que o jogador tinha um único defeito: driblava demais!

Pelo Botafogo, Garrincha disputou 608 partidas e marcou 245 gols. Conquistou três Campeonatos Cariocas (1957, 61 e 62) e dois Torneios Rio-São Paulo (1962 e 1964). Além de outras taças menos importantes.

Pela seleção brasileira, Garrincha conquistou duas Copas do Mundo (1958 e 1962), e detém até hoje uma marca impressionante: perdeu apenas uma das 60 partidas que fez com a camisa canarinho. Em 1962, o craque viveu o momento mais glorioso. Pelé se machucou e coube a Garrincha a missão de levar à seleção ao bicampeonato mundial com belas atuações e gols importantes.

O fim de carreira de Garrincha foi triste. Em 1966, deixou o Botafogo. Tentou a sorte no Corinthians, no Flamengo, no Olaria, no Bangu, na Portuguesa-RJ e até no Atlético Júnior, da Colômbia. Mas a bebida e problemas no joelho fizeram que ele fracassasse. Uma artrose nos dois joelhos – uma espécie de desgaste entre o fêmur e a tíbia – encurtou a carreira de Mané. Os dribles geniais exigiam muito dos joelhos. E a dor vinha a cada freada ou giro em cima do adversário. O mágico saía de campo.

Garrincha viveu os últimos anos de sua vida sem glamour. Levava uma vida simples e humilde. O adeus veio aos 49 anos, depois de três casamentos e 13 filhos. Morria a alegria do povo. E o poeta Carlos Drummond de Andrade escrevia no dia seguinte do adeus a Mané: “Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho.”

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