Número de mortos em naufrágio na Itália chega a 93
A governadora de Lampedusa, Giusi Nicolini, admitiu, no entanto, que a ilha não tem a infraestrutura necessária para abrigar os sobreviventes e os vários corpos retirados do mar. Nicolini informou que os cadáveres estão armazenados em um cais da ilha, enquanto outras soluções estão sendo analisadas, como o uso de um hangar do aeroporto.
O centro de acolhimento de imigrantes de Lampedusa enfrenta, neste momento, uma situação dramática. O centro tem uma capacidade para cerca de 700 pessoas e abriga 1.350 pessoas. “É um horror. Não param de chegar barcos e mortos. Os meios de comunicação social têm de ver isto. É impressionante”, disse a governadora, que denuncia há vários meses a “negligência” das instituições europeias sobre o assunto.
“Basta. O que se passa em Lampedusa é um horror contínuo”, reforçou Nicolini, que explicou que os sobreviventes contaram que estavam há várias horas em alto-mar e que não conseguiam pedir ajuda, quando decidiram acender uma fogueira para serem localizados. O barco pegou fogo e muitos passageiros pularam no mar antes de a embarcação virar.
Lampedusa, a 205 quilômetros (km) a sul da Sicília, situa-se a 113 km da costa africana, sendo possível alcançar a ilha após quatro ou três dias de navegação. O papa Francisco escolheu a ilha, considerada a porta da Europa para milhares de imigrantes africanos, para realizar a primeira visita na Itália, em julho.
Hoje, no Vaticano, o papa qualificou de “vergonha” esse novo acidente em Lampedusa, pedindo a todos os fiéis que rezem pelas vítimas e por todos os refugiados do mundo. “Não posso não deixar de mencionar as numerosas vítimas deste naufrágio. A palavra que me vem à cabeça é vergonha”, disse o pontífice no fim de um discurso no Conselho Pontifício de Justiça e Paz.
“Oremos a Deus por aqueles que perderam a vida, homens, mulheres e crianças. Oremos a Deus pelas suas famílias e por todos os refugiados. Só uma cooperação determinada pode evitar tais tragédias”, acrescentou.
Algumas horas depois do acidente, o papa também escreveu, em nove idiomas, uma mensagem na rede social Twitter: “Vamos rezar pelas vítimas deste trágico naufrágio em Lampedusa”.