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O falacioso uso do prestígio da ciência?* – Dr. Sander Fridman

O Falacioso Uso do Prestígio da Ciência? *

Nos noticiários dos jornais, nas sentenças judiciais, nos discursos dos políticos, a palavra “Ciência” tem sido brandida como a palavra do Profeta! Falam em seu nome, como se fosse uma “entidade” que lhes segredasse suas verdades. Tanto prestígio e poder denotam, no entanto, paradoxalmente, justamente o contrário: todos se arrogam de cientistas.

O termo Falácia Ad Hominen é normalmente empregado para a tentativa de contrapor-se a uma afirmação sem entrar no mérito do que foi afirmado, por meios apenas da desvalorização daquele que afirma. Uma outra forma é a tentativa de valorizar afirmação ou argumento atribuídos a “cientistas” ou “médicos”, desobrigando-se de especificar a citação alegada – qual médico, qual cientista – ou bem justificar a afirmação ou argumento com fatos ou lógica razoáveis.

Por meio de falácias deste tipo, todos se sentem à vontade de falar em nome da ciência, sem o menor apreço pela longa formação, extensa experiência e dedicação ao estudo e à convivência num ambiente de ciência, necessárias para alguém falar, com alguma chance de propriedade, em nome de questões e conhecimentos obtidos cientificamente.

Tão óbvio é a fraude contida neste comportamento falacioso, porquê poderá alguém, em especial em grandes mídias, lançar mão deste tipo de artimanha?

A boa lógica, os fundamentos fáticos, a realidade, a verdade, deveriam por óbvio sustentar pensamentos e opiniões, em particular na formação de estratégias comerciais, sociais e políticas, mais ainda quando valores e interesses sensíveis e delicados dependem de decisões sábias e bem fundamentadas, como por exemplo no campo da saúde.

A maneira falaciosa como lidam com alegações fantasiadas de científicas – mentiras vestidas de verdade – rebaixaram os argumentos “científicos” a meros instrumentos finalistas, empregados de má-fé, porque, na verdade, são irrelevantes para a posição que pretendem sustentar, pois quem a defende não pretende mudar de opinião se as razões ou fundamentos, que alegadamente as sustentam, mostrarem-se falsas, equivocadas, erradas, no debate. Para estas pessoas, o importante é defender a cartilha do grupo, máfia ou partido, não importando o tamanho, a gravidade, o absurdo da fraude nos argumentos! Tudo que se apresentar contra a cartilha ou suas justificativas deve ser simplesmente cancelado – física, social e moralmente! Para estas pessoas, “Ciência” só vale para sustentar a cartilha! Quando não a sustenta, é negacionismo! E fim!

*Dr. Sander Fridman – neuropsiquiatria, psicanálise cognitivista, psiquiatria forense

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