O país da piada pronta - Litoralmania ®
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O país da piada pronta

Nos dias em que estive em Zurique – Suíça – usufrui da agradável e oportuna companhia de Diethbert Höpp, um alemão que eu conhecera no Rio de Janeiro. Ele trabalhava como controlador de voo no Aeroporto Internacional de Frankfurt, cidade onde morava.

Como do meu roteiro, na ocasião, não constava aquela cidade, combinamos nos encontrar, dada a proximidade de Frankfurt, exatamente em Zurique.

Na companhia de Diethbert, que viajara de automóvel, pudemos incursionar por regiões mais próximas a Zurique. Numa das nossas caminhadas pela Banhoff Strass – a famosa avenida das joalherias e das mais requintadas confeitarias –, o alemão aproximou-se de um idoso e pôs-se a conversar com este senhor. O velho trajava, embora de qualidade simples, um limpo e bem vincado terno preto, camisa branca e uma sóbria gravata. Findo o diálogo, meu amigo apanhou a certeira e dela extraiu algumas notas de francos suíços. Curioso, indaguei-lhe porque oferecera dinheiro ao homem.

– Ele é como vocês dizem no Brasil, um mendigo.

Eu não acreditava no que estava ouvindo.

– Como, um mendigo?

– Ele fica à disposição de quem dele precise – elucidou-me o alemão: – Pessoas idosas com dificuldades para atravessar as ruas, carregar pacotes de compras ou, até mesmo, para presta informações, como foi o nosso caso.

Desnecessário dizer-lhes a cara de perplexidade de que fora tomado.

Pois recebi há poucos dias o e-mail de amigo, conceituado advogado, que me conta a sua história:

“Entramos num pequeno café na Bélgica, eu e um amigo. Fizemos o nosso pedido. Enquanto estamos a aproximar-nos da nossa mesa duas pessoas chegam e vão para o balcão:

– Cinco cafés, por favor. Dois deles para nós e três suspensos.

Eles pagaram a sua conta, pegaram em dois e saíram. Perguntei ao meu amigo:

– O que são esses cafés suspensos?

O meu amigo respondeu-me:

– Espera e vais ver.

Algumas pessoas mais entraram. Duas meninas pediram um café cada, pagaram e foram embora. A ordem seguinte foi para sete cafés e foi feita por três advogados – três para eles e quatro “suspensos”. Enquanto eu ainda me perguntava qual é o significado dos “suspensos” eles saem.

De repente, um homem vestido com roupas gastas que parece um mendigo chega à porta e pede cordialmente:

– Você tem um café suspenso?

Resumindo, as pessoas pagam com antecedência um café que servirá para quem não pode pagar uma bebida quente. Este hábito começou em Nápoles, mas espalhou-se pelas regiões europeias. Em alguns lugares é possível encomendar não só cafés “suspensos”, mas também um sanduíche ou refeição inteira”.

Nas terras tupis-guaranis o Lula da Silva encomendou não o café “suspenso”, mas a bolsa-família-bolsa-estudo-bolsa-atleta-bolsa-desemprego-bolsa-verde-bolsa-presidiário-bolsa-estupro.

Mas quem paga a conta são os palhaços que pagam impostos e, diariamente, enfrentam trens, metrôs, ônibus, lotações, trânsito caótico, o trombadinha em cada esquina para, lutando contra o relógio ponto, chegar ao seu local de trabalho.

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