O suspeitoso suicídio da suspeita de envenenamento do bolo de natal
Por Sergio Agra: Durante um café da tarde na terça-feira, 23 de dezembro, na cidade de Torres, Litoral Noerw do Rio Grande do Sul, três mulheres perderam a vida após consumirem um bolo.
O evento reunia sete pessoas da mesma família, incluindo idosos, crianças e adultos, em um momento que deveria ser de confraternização.
Após a ingestão do bolo, todos começaram a sentir mal-estar intenso. As vítimas fatais incluem uma mulher que morreu ainda no pronto-atendimento e duas outras que não resistiram após ser transferida para o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes. A Polícia Civil investigou a possibilidade de envenenamento.
Além das três mortes, outras quatro pessoas continuaram hospitalizadas com sintomas graves. A origem do bolo e a presença de possíveis substâncias tóxicas nos alimentos consumidos foram o foco da investigação.
As autoridades aguardaram os laudos periciais do Instituto-Geral de Perícias (IGP) para confirmar a causa das mortes e identificar quaisquer elementos contaminantes.
Lembrei-me na ocasião do conto “As Regras do Jogo”, de Maria Aparecida Pichini. A autora narra a história de Jorge e Celina, um casal que, após as bodas de prata e a saída dos dois filhos para estudarem no exterior, o marido obrigou a mulher a desistir de um bom emprego, dispensar as serviçais e delegar à Celina todas as lidas da casa.
Jorge, irrefreável glutão, só não poupava economias para comidas, bebidas e noitadas com os amigos. Celina, descobrindo-se traída, entendeu que valeria a pena submete-se às “regras do jogo”. E pôs-se a preparar os mais requintados e saborosos pratos. Jorge estava encantado com a docilidade de Celina e o esmero nos preparo dos pratos que ela fazia.
O conto encaminha-se para o seu final:
“Em frente ao fogão, com um lenço para proteger os cabelos, Celina refletia: – manteiga deixa as frituras leves e com sabor delicado. – Abanava-se. Fogachos do climatério. – Iscas de frango com bacalhau, fritas e cobertas com creme de leite, vai ficar um prato requintado – As pernas doloridas. – Carré suíno fica bom com pedacinhos de bacon e batata palha. Aliás, toucinho é uma excelente base para molhos, ficam encorpados e muito saborosos. Gordura de porco enriquece refogados… – Seca o rosto coberto de suor, – Ambrosia e papo-de-anjo, charlotes, mousses e pavês, uma tentação para os gulosos.
À mesa, Jorge babava: – Não resisto, Celina!
– Só um pouquinho não faz mal. Pode comer, meu querido, usei óleo de girassol…”.
Quem fizera o bolo para aquele que deveria ser um festivo encontro familiar à véspera do Natal foi Zeli dos Anjos, de 60 anos, que ainda se encontrou por duas semanas em estado de choque na UTI.
O instigante é que a mesma iguaria havia sido feita por Zeli há cerca de dois meses, e seu marido falecera vitimado por intoxicação alimentar após ingestão do fatídico bolo.
Isso não impediu que eu fizesse uma provocação de ter sido “risco (mal) calculado” e de que o detetive belga, Hercule Poirot, seria chamado para deslindar o misterioso “Caso do Bolo da Natal”.
Poucos dias após as primeiras investigações a suspeita da autoria do crime recairia sobre Deise Moura dos Anjos, nora de Zeli, com quem Deise mantinha uma relação de ódio há vinte anos.
Decretada a prisão preventiva, Deise foi conduzida ao Presídio Feminino de Guaíba.
Na manhã da quinta-feira, 13 de fevereiro, Deise Moura dos Anjos foi encontrada morta na cela onde sempre permanecera sozinha.
Suicídio!
A causa provável: auto asfixia com suas próprias roupas, o uniforme de presidiária.
Suicídio? Auto asfixia? Com as únicas peças de roupas que ela detinha na cela: o uniforme de presidiária?
Lancei aos meus amigos no Whatsapp que duvidava de tudo, inclusive de toda a investigação policial.
Foi a primeira vez que todos eles, em enxurrada, alguns concordando com minha teoria, a maioria chamando-me de louco, polemista e uma dileta amiga que ousou perguntar se eu andava bebendo.
Atrevida ela, não é mesmo?
Então, caríssimos amigos, generosas e queridas leitoras, proponho que assistam à série “A Grande Ilusão”, disponível na Netflix. Narra o drama de uma veterana de guerra que vê imagens do marido morto em uma câmera espiã e acaba descobrindo uma grande conspiração.
Depois, me digam!