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Onde foi parar o fio do bigode?

E era o tempo do fio do bigode…

Lamentavelmente, nunca se viu, sobretudo por parte dos políticos carreiristas, tanto descaso com a palavra empenhada quanto ultimamente. Para muitos, nem o fio, nem o bigode, nem mesmo a promessa feita ao eleitor quando em campanha eleitoral tem valor algum.

O fio de bigode, até bem poucos anos, serviu como selo do bem mais precioso do caráter humano: a palavra empenhada.

Até mesmo as mulheres, que não têm bigode, valiam-se do adágio para expressar a honra de uma palavra empenhada.

“Fio de bigode” era uma sentença moral equivalente à expressão “palavra de rei”, porque essa – continua o ditado – “não volta atrás”.

Bons tempos aqueles em que nem mesmo era preciso assinar-se um acordo, porque a palavra empenhada não corria o risco de ser negligenciada, exceto por um incidente – e a isso todos os seres humanos estão sujeitos.

 Porém, para quem é decente, mesmo hoje uma ação inopinada jamais pode passar em branco, sem que haja uma justificativa à altura e com ares de sincera consternação!

De onde advém o crescente hábito da politicalha tupiniquim de se faltar com a palavra nos dias de hoje?

Será que da cultura retórica dessa choldra malfazeja? Será que da prática cada vez mais acentuada do “jeitinho brasileiro”?

Será que esse defeito moral vem se desenvolvendo como mecanismo de defesa por parte de uma categoria(?) cada vez menos capaz de dar conta dos seus compromissos?

Ou será que resulta da crença de que honestidade é algo antiquado, que não se pode encaixar à realidade do pragmatismo da vida atual?

O descuido com a palavra pode ser causado por esquecimento ou por mal-entendidos; já quando a palavra tratada não é bem assimilada por uma das partes, há grande risco de o acordo cair por terra.

Nesse último caso, seria bom que se registrasse tudo o que se diz, fazendo valer o velho ditado latino: verba volant scriptus manetis perenis – “As palavras voam, os escritos permanecem”.

Ser homem e político de palavra é ético, é bíblico, é honesto. É “matar no peito” as consequências de sua decisão.

Não ficaria nada chato trocar de partido, desde que se honrasse o fio do bigode e não fizesse o velho goleiro engolir um “frango” pelo meio das pernas.

Entendeu?

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