ONG faz campanha por Polícia Federal em terra indígena
A campanha, estrelada pelo ator Colin Firth (ganhador do Oscar, em 2011, pelo filme O Discurso do Rei), defende que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, acione a Polícia Federal “para expulsar os madeireiros, fazendeiros e colonos que vêm arrasando a terra Awá”. Segundo a ONG, os Awá-Guajá estão sob risco de extinção.
No Brasil, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) apoia a campanha e afirma que “os territórios habitados pelos Awá-Guajá são os mais desmatados na Amazônia Legal”, por causa da exploração ilegal de madeira e da pressão dos projetos siderúrgicos da região.
Segundo o Cimi, essas atividades econômicas diminuem a área ocupada por índios que são caçadores e precisam de território vasto para sobreviver, sob risco de mal se alimentarem e ficarem vulneráveis a doenças. “Vários idosos já morreram e muitos estão debilitados por doenças causadas por subnutrição, como a tuberculose. Mais de seis pessoas, em sua maioria jovens, são acometidos por uma doença que se assemelha à epilepsia”, divulgou o conselho ligado à Igreja Católica.
A campanha chamou atenção da opinião pública internacional. De acordo com Sarah Shenker, da Survival, cerca de 13 mil e-mails já foram enviados a José Eduardo Cardozo. “É um recorde para as campanhas internacionais. Vamos continuar pressionando e chamando atenção da mídia e das pessoas em todo o mundo”. O Ministério da Justiça não confirma o recebimento das mensagens.
Os problemas que atingem os Awá-Guajá são conhecidos pelo Estado brasileiro há alguns anos. A área sob risco, no entanto, é monitorada pela Polícia Federal, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Segundo o Ibama, há cerca de 180 serrarias ilegais no entorno da terra indígena.
Em outubro do ano passado, a Funai, juntamente com a Polícia Federal, apurou denúncia do suposto assassinato de uma criança do grupo Awá-Guajá. Segundo nota divulgada pela instituição, “não foi encontrado nenhum indício que pudesse indicar um assassinato de índios isolados”.
A fundação admite, no entanto, que durante a missão “verificou-se o constante processo de fuga” do grupo Awá-Guajá, “que, na medida em que os madeireiros avançam, com abertura de estradas de retirada de madeira, é forçado a se deslocar em espaços de floresta cada vez menores”.
Sem estabelecer uma data, a Funai informa que serão instaladas “novas bases de proteção etnoambiental” para controlar o acesso aos territórios dos índios isolados.