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ONU defende coordenação internacional para estagnação

A aceleração mundial do crescimento econômico e comercial depende de uma coordenação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, para evitar um período prolongado de expansão lenta e fraca, apontou o Relatório de Comércio de Desenvolvimento 2013 da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, divulgado hoje (12).

Segundo o professor Antonio Carlos Macedo e Silva, do Instituto de Economia da Unicamp, que apresentou o documento no Brasil, os países desenvolvidos precisam pisar no acelerador. “O que é aconselhável fazer é a adoção coordenada por vários países de medidas que incentivem o crescimento da demanda, em um plano integrado de instituições multilaterais, como as Nações Unidas e o próprio Banco Mundial. Aos países desenvolvidos, cabe crescer. Principalmente aos que têm crescido pouco e são superavitários na balança de pagamentos. É preciso pisar no acelerador”.

Segundo o relatório, há três cenários possíveis: quando todas as políticas atuais são mantidas, há um crescimento fraco em todo o mundo. Por outro lado, com ações coordenadas de todos os países, ocorre um cenário de crescimento bem maior. A terceira hipótese é a mudança nos países em desenvolvimento, que beneficiará também os desenvolvidos, mas com menos força do que o cenário em que a articulação é global.

O relatório aponta a austeridade e a fraca demanda privada como os principais fatores que estão impedindo os países desenvolvidos de superarem as dificuldades econômicas por meio de políticas monetárias expansionistas.

“Pisar no acelerador é desistir de uma austeridade fomentada pelo pânico e pela paranoia dos mercados financeiros em relação a sustentabilidade de dívida pública. A ideia é ganhar a confiança dos mercados não pela austeridade, mas pelo crescimento. A tentativa de ganhar a confiança dos mercados financeiros pela austeridade é frequentemente contraproducente como tem sido o caso de vários países do continente europeu”, criticou.

O documento pede que os países desenvolvidos ajam de forma mais decisiva para combater causas da crise, que ainda persistem: aumento da desigualdade de renda, diminuição da participação do Estado na economia, papel predominante de um setor financeiro mal regulado e um sistema internacional propenso a desequilíbrios globais.

Na União Europeia, as políticas monetárias não conseguiram induzir os bancos a concederem mais crédito para o setor privado e, nos Estados Unidos, os cortes nos gastos públicos agem no sentido contrário da recuperação da demanda doméstica privada, destaca a ONU, que aponta o Japão como uma exceção à tendência atual de austeridade.

O relatório ressalta que a expansão da produção mundial diminuiu de 4,1% em 2010 para 2,2% em 2012 e deve desacelerar ainda mais – para 2,1% em 2013, com apenas 1% correspondentes aos países desenvolvidos, já que a zona do euro enfrenta contração; os Estados Unidos enfrentam uma desaceleração moderada; e o Japão, uma taxa de crescimento estável. As economias desenvolvidas ainda sofrem com os impactos da crise que começou em 2008, com geração de emprego insuficiente e compressão salarial, por exemplo.

O cenário também freou o crescimento do comércio internacional, que foi de menos de 2% em 2012 e nos primeiros meses de 2013, em grande parte por conta dos países desenvolvidos. A queda, no entanto, também se estende às economias emergentes.

Macedo e Silva destacou que a próxima década deve inserir dois bilhões de pessoas na classe média, o que precisa ser aproveitado com investimentos e políticas distintas do ponto de vista fiscal e monetário.

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