Pelotão, alto! - Litoralmania ®
Colunistas

Pelotão, alto!

Que a máquina de propaganda do governo é diabolicamente eficiente, isso ninguém duvida. Eles são mestres em transformar vítimas em algozes e pulhas em heróis, mesmo que os fatos sejam explícitos e insofismáveis.

Hoje, os ilusionistas do governo estão empenhados em transformar em radicais golpistas àqueles que defendem uma sociedade aberta, livre e que não se dobra ao autoritarismo de um partido que se prende ao poder a qualquer custo.

Não só temos o direito, como devemos nos mobilizar organizadamente para explicitar nossa indignação, nosso repúdio e exigir punição aos responsáveis pelos crimes e escândalos que assolam e pirateiam nosso país. Porém, devemos agir com cautela e, principalmente, alicerçados no estado de direito, nas leis, na constituição e, fundamentalmente na verdade, caso contrário estaremos “dando munição ao inimigo”. Garanto-lhes que somos incomparavelmente mais fracos quando o embate é travado fora dos padrões estabelecidos pelas normas legais e democráticas. Aí eles são os “donos do campinho” e é onde preferem jogar.

Existem alguns pontos a ponderar:  O primeiro é sobre o impeachment da Dilma. Uma enxurrada de publicações nas redes sociais pedem o afastamento da presidente Dilma. Se eu apoio esse movimento? Claro que sim, mas primeiro há que se comprovar as declarações feitas pelo diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa  e pelo doleiro da gangue, Youssef, na chamada delação premiada e constatar, sem dubiedade, que ela (Dilma) e o líder supremo da seita petista sabiam das maracutaias praticadas dentro da estatal. Antes disso, nada pode ser feito sem ferir as regras do jogo democrático.

Outro ponto é pedir a anulação da eleição sem que se evidencie, de maneira inequívoca, que houve fraude na votação. O TSE autorizou que se faça uma auditoria para esclarecer as inúmeras denúncias de “estranhezas” que advieram  das urnas eletrônicas. Pois bem, que se faça a mais rigorosa auditoria e, se ficar comprovado que houve manipulação fraudulenta, aí sim, que se tomem as devidas providências, inclusive a anulação da eleição.

É preciso também tomar cuidado com os provocadores, que nos protestos gritam palavras de ordem extremistas e com alguns poucos minoritários, que pedem intervenção militar. Percebam que são apenas estes que ganham destaque na mídia.   Parece-me claro que ainda não esgotamos todos os recursos democráticos que temos à disposição. Pedir neste momento uma intervenção militar é justamente tudo que eles querem a guisa de deslegitimar os protestos e avançarem ainda mais rapidamente a agenda gramsciana. Não caiam nesta arapuca.

Devemos deixar bem claro que somos nós, cidadãos livres e justos, que falamos em nome do estado de direito, das leis e da constituição, mesmo conscientes de que o outro lado não joga pelas mesmas regras. É justamente isto que nos difere.

Há uma agenda muito mais efetiva e realista a ser combatida com urgência:  Os petistas querem uma reforma política autoritária, pensada para que se eternizem no poder; será preciso rechaçar. Os petistas, desta feita, querem mesmo transformar o Supremo Tribunal Federal numa extensão do partido; será preciso rechaçar. Os petistas insistem em censurar os meios de comunicação; será preciso rechaçar. Os detentores do poder ameaçam as liberdades individuais, das quais a mais cara é a liberdade de opinião contra o governo. Se quisermos realmente mudar as coisas, é por aí que devemos começar, pelos meios democráticos. Não sejamos virginais ao ponto de pensar que basta ouvirem o som do clarim para que as tropas militares saiam a campo e derrubem o governo. Para tal, seria necessário uma guerra civil, e isto, acreditem, ninguém gostaria de ver.

Para lograrmos recuperar os valores democráticos que são diariamente solapados pelo petismo, devemos manter uma  longa, contínua e cotidiana luta que não se vence em um dia nem prevê atos de força.

“Digo, portanto, que as armas com que um príncipe defende seu estado ou são próprias, ou mercenárias ou auxiliares ou mistas. As mercenárias e auxiliares são inúteis e perigosas. Quem tem o seu estado baseado em armas mercenárias jamais estará seguro e tranquilo, porque elas são desunidas, ambiciosas, indisciplinadas, infiéis, valentes entre amigos e covardes entre inimigos, sem temor a Deus nem probidade para com os homens.

O príncipe apenas terá adiada a sua derrota pelo tempo que for adiado o ataque, sendo espoliado por eles na paz e pelos inimigos na guerra.” – Nicolau Maquiavel, O Príncipe, Florença, 1513.

Comentários

Comentários