Planalto nega cunho eleitoral em encontro de prefeitos em Brasília
O subchefeadjunto de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, Olavo Noleto, negou ontem (13) cunho eleitoral do Encontro Nacional com os Novos Prefeitos e Prefeitas, realizado esta semana em Brasília. A oposição acusa o governo de usar o evento com os prefeitos, eleitos em outubro passado, para campanha eleitoral antecipada de uma possível candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República, em 2010.
Ao rebater as acusações da oposição, Noleto argumentou que o encontro foi preparado desde o ano passado com o objetivo de orientar os prefeitos recém-eleitos sobre os programas do governo federal e como administrar uma prefeitura, além de convocá-los a assumirem compromissos sociais, entre eles, o combate ao analfabetismo, à mortalidade infantil, ao subregistro civil e fortalecer o crédito para a agricultura familiar. De acordo com ele, foram realizadas 38 mesas de discussão e palestras no encontro.
“Um encontro com esforço desse tamanho, um ano e meio de trabalho, isso é um encontro eleitoral? Eles que me desculpem, mas isso chega a ser ridículo. Não fizemos 38 mesas para virar briga política entre governo e oposição”, afirmou Noleto, em entrevista coletiva à imprensa, no Palácio do Planalto.
“Essa é uma área do governo que foi muito além da política pequena, foi para a política institucional, de Estado. Não podemos contaminar as ações do governo sempre com a agenda político-eleitoral. Temos que garantir essa política de Estado, foi isso o que o encontro se propôs a fazer”, acrescentou.
O líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado, disse ontem (12) que o partido vai entrar com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na próxima semana, contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra Dilma Roussef, por campanha eleitoral antecipada durante o encontro com os prefeitos.
Lula e Dilma, apontada como possível candidata à sucessão presidencial, em 2010, estiveram juntos na abertura do evento e em um painel sobre combate à exploração sexual, coordenado pela primeira-dama Marisa Letícia. A ministra fez também palestra sobre as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em viagem ao Nordeste, o presidente Lula classificou hoje de “absurda” e “pequena” a acusação da oposição.
Aos jornalistas, Olavo Noleto assegurou que prefeitos de todos os partidos estiveram no evento – alguns de partidos da oposição, inclusive, participaram da organização. Porém, o subchefe-adjunto afirmou não ter levantamento do número de prefeitos por partido no evento. O encontro reuniu 15.100 pessoas, sendo 5.300 prefeitos – público acima do estimado pelo governo federal.
“Queremos que os prefeitos do DEM utilizem essa ferramenta [cartilha sobre gestão pública distribuída pelo governo federal no encontro]. Sobre os prefeitos do PSDB, PT, PMDB, queremos e precisamos que utilizem essa ferramenta. Isso é fundamental. Não concebemos o prefeito como síndico da prefeitura. Ele é o líder do desenvolvimento local”, alegou.
Durante a entrevista, Noleto informou que os gastos totais da Presidência da República com o evento foram de R$ 182.999 – valor inferior ao anunciado no início da semana pelo ministro José Múcio, de Relações Institucionais, de R$ 253 mil. Mais tarde, a assessoria de imprensa da secretaria retificou que os gastos correspondem ao montante informado por Múcio. Segundo a secretaria, o número dito por Noleto não contou os gastos com ambientação e impressões gráficas.