Quando os olhos se cruzam, as maravilhas acontecem – Por Dom Jaime Pedro Kohl
Não sei se todos concordam que quando os olhos se cruzam, as maravilhas acontecem. Podemos dizer, também, que quando os olhos se cruzam o amor nasce, as pessoas se dão a conhecer.
Normalmente, é por esse caminho do coração que nasce o encantamento, iniciam relacionamentos que com o tempo amadurecem, chegam a uma amizade sincera, podem desembocar numa aliança de amor eterno.
Nesses dias viemos refletindo sobre a importância de olhar com os olhos do coração.
Sim, é verdade que tem coisas que os olhos físicos não veem, mas o coração humanizado percebe.
Hoje, se fala de inteligência emocional. Isso para dizer que a razão não basta para discernir e compreender os porquês que a vida nos põe. Outros aspectos, como a fé, a espiritualidade, os sentimentos que fazem nossa subjetividade, precisam ser ouvidos.
Expressões como ‘só se vê bem com o coração’ e ‘o coração são os olhos da alma’, podem parecer um sentimentalismo exacerbado. Porém, quem tem a coragem de contestar a sabedoria que encontramos no livro de Saint-Exupery: “Só se pode ver bem com os olhos do coração”?
Quando os olhares se cruzam se dispensa as palavras. É o olhar do coração, que mexe lá na profundidade do ser humano, comove, converte, compadece, empresta…
Jesus nunca fala aleatoriamente, o faz olhando nos olhos, parece ler o que se passa no coração. Em vários momentos questiona os discípulos sobre o que vinham conversando pelo caminho. Não tem dificuldade de perceber o que as pessoas estão matutando em seu coração.
Basta pensar na sua conversa com o fariseu que o convidou a comer em sua casa, quando entrou a mulher pecadora que lavou seus pés com as lágrimas e os enxugou com os cabelos, que meditamos recentemente.
E emendo com o testemunho da Ir. Iraci: “compreender o valor dos sentimentos de um coração apaixonado pela missão é a base para um trabalho profético e evangelizador. Para qualquer serviço pastoral e missionário junto às pessoas, é fundamental sermos humanos.
Sentirmos a dor do outro, assumirmos sua história de sofrimento e derrota. A ausência destes valores e atitudes nos torna frios e indiferentes.
Lamentavelmente, isso pode acontecer conosco se não soubermos sorrir, abraçar, estender a mão, acolher quem ansioso espera por esse momento de conforto da alma”.
Aprendamos a olhar com os olhos do coração, pois somente assim o mundo vai se iluminar. Quando os olhos se cruzam as pessoas se reconhecem, a esperança renasce e a paz habita os corações.
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório – domjaimep@terra.com.br