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Sal a terra e luz do mundo – Dom Jaime Pedro Kohl

Depois das bem-aventuranças no sermão da montanha, Jesus continua ensinando a seus discípulos: “Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso com que salgaremos? Para nada mais serve, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens… Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte. Nem se acende uma lâmpada e se coloca debaixo do alqueire”.

O que Jesus quer dizer quando pede aos seus discípulos de ser “sal da terra” e “luz do mundo”? Sempre que ouço esse texto, lembro o canto do Pe. Zezinho: “Vós sois o sal da terra, vos sois a luz do mundo, ninguém mais quer o sal quando ele perde o seu sabor; o sal e luz sou eu, sou o povo do Senhor”.

Jesus usou estas duas imagens do cotidiano para falar da identidade e da missão dos seus seguidores. Sabemos quanto o sal é importante para dar sabor e conservar os alimentos. E quanto a luz sempre foi importante para a convivência e, ainda mais hoje, em que tudo é eletrônico. O sal foi feito para salgar, mas para exercer sua função precisa ser misturado com o alimento e desaparecer. A luz para iluminar precisa se expor de alguma forma e aparecer.

A condição para a comunidade dos discípulos de Jesus ser “sal que dá sabor a vida do mundo e luz que ilumina a humanidade” a encontramos no texto de Isaias 58, 7-10: “Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu cobre-o e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; a frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá”.

Portanto, a prática da justiça e a vivência da caridade são a condição para aproximar-nos de Deus. Esse é o primeiro culto que Deus deseja. Nenhum outro culto é aceito por Deus se não vier de um coração reto e honesto, de um coração que ama.

A injustiça e a falsidade não combinam com Deus. Somente quem caminha na justiça e diz a verdade, quem confia em Deus, seu coração está tranqüilo e nada teme.

Deus acolhe e valoriza o culto prestado com o testemunho de vida, com as boas obras: “brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus”.

Para que possamos ser sal que dá sabor e luz que ilumina precisamos manter-nos fiéis a nossa vocação cristã, à nossa identidade de Filhos de Deus.

Se perdemos essa nossa identidade não serviremos para mais nada, senão para sermos jogados fora e pisados pelos homens. Não é isso que queremos para nós e nossas comunidades!

Daí a necessidade de manter-nos conectadas à fonte pura genuína que é Jesus: caminho, verdade e vida. Todos chamados a sermos sal da terra e luz do mundo!

Para refletir:

Consigo perceber que o meu estilo de vida pode tanto edificar como escandalizar os irmãos? Sou um bom exemplo, uma proposta de vida cristã, para as pessoas que encontro no meu caminho? A minha presença costuma ser motivo de serenidade e alegria? É uma presença que edifica as pessoas?

Textos Bíblicos: Is 58, 7-10; 1Cor 2,1-5; Mt 5, 13-16; Sl 111(112).

Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório

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