Transgênicos, do bem e do mal – Por Jayme José de Oliveira
Transgênicos são organismos que contém um ou mais genes transferidos de outra espécie. (Dicionário Houaiss)
A tão discutida soja transgênica é um exemplo, causou acirradas discussões e continua na ribalta.
Por similaridade, em vez de acrescermos genes para aprimorar um organismo podemos remover um ou mais para escoimar deficiências ou doenças de origem genética, é um campo em que os geneticistas laboram arduamente. Já conseguiram resultados palpáveis e se descortina a médio e longo prazo a eliminação desses patógenos genéticos e, por consequência, a erradicação das doenças correlatas.
Por outro lado, como tudo que a ciência tem capacidade de realizar, este processo pode ter seu sentido desvirtuado e produzir organismos para serem usados como armas biológicas. Novos e mais virulentos micro-organismos, plantas daninhas e animais com capacidades específicas. Não existe o bem e o mal na escalada da evolução. Existe o bom e o mau emprego do resultado das pesquisas.
Quando o ex-deputado frei Sérgio Görgen se lançou numa cruzada contra a soja transgênica chegou a aterrorizar os agricultores com a ameaça de serem contaminados com AIDS pois, segundo ele, genes do vírus eram utilizados no processo da transgenia. Era uma informação falsa embora, tecnicamente, seja viável e mesmo corriqueiro o emprego de genes oriundos de micro-organismos em casos específicos.
O arroz dourado, se difundida a sua produção, comercialização e uso em países com deficiência em vitamina A salvará milhares de pessoas da cegueira ou até da morte. É obtido através da introdução de dois genes da flor narciso (narcissus-pseudonarcissus) e um duma bactéria (erwynaanedovora).
A explicação é simples, TODOS os organismos vivos são construídos através de 4 bases: Adenina-timina + citosina-guanina. Assim como TODOS os livros escritos utilizaram 26 letras, TODOS os organismos vivos são constituídos pelas 4 bases. Sim, somos todos parentes e descendentes da célula primitiva. Os “tijolos” que constroem o homem são os mesmos na minhoca e no brócolis. E no vírus da AIDS, no vibrião da cólera, no bacilo de Koch (tuberculose), etc…
Em assuntos referentes à ideologia, ética, religião, economia e política, também dispomos desta capacidade. Às vezes criamos monstrengos.
Depois de Getúlio Vargas lutar pela criação da Petrobras, os governos subsequentes a transformaram na maior empresa nacional (em 2.010 valia R$380 bilhões).
Aos poucos, numa operação semelhante à transgenia, fomos agregando “genes” malignos e a transformamos num verdadeiro Frankenstein.
Os “genes“ agregados:
• Superfaturamentos que catapultaram os preços;
• propinas que abriram portas;
• contratos aos quais eram, posteriormente, agregados aditamentos;
• empresas que se mancomunaram para ratear as obras licitadas;
• dirigentes que cobraram comissões ou se omitiram de impedir os descaminhos;
• doleiros que intermediaram as negociações e pagamentos;
• políticos que surfaram na onda.
O resultado: em 28-01-2.015 o valor da Petrobras despencou para R$ 114,1 bilhões e a credibilidade para o subsolo.
Poucos lucraram muito à custa de muitos que perderam muito.
Monteiro Lobato deve estar se revirando na tumba.
Brasil/ Mostra a tua cara/ Quero ver quem paga/ Pra gente ficar assim/
Qual é o teu negócio?/ O nome do teu sócio?/ (Cazuza)
Jayme José de Oliveira