Tumultos levam comerciantes de Londres a fechar as portas
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que teve de interromper as férias na Itália e retornar a Londres, reuniu-se com o integrantes do gabinete de crise pela manhã. Depois, em pronunciamento à nação, garantiu que o governo fará tudo o que for preciso para manter a ordem e convocou o Parlamento a antecipar o fim do recesso para quinta-feira (11). Cameron, do Partido Conservador, classificou as desordens violentas como “pura e simples criminalidade” e anunciou que hoje à noite haverá um contingente de 16 mil policiais nas ruas.
Durante os protestos, lojas foram saqueadas e carros e prédios, incendiados. Cameron condenou as “repugnantes cenas de saques, vandalismo e roubo”. Ele disse que os envolvidos nos atos de violência serão punidos com o rigor da lei. “Se tinham idade suficiente para cometer os crimes, terão idade também para sofrer as punições”. Depois, o primeiro-ministro se reuniu com o comando da Polícia Metropolitana (Scotland Yard). Todas as férias e licenças dos policiais foram suspensas.
O prefeito de Londres, Boris Johnson, do Partido Conservador, também interrompeu as férias. Ele foi duramente questionado pelos moradores em visita ao bairro de Croydon, palco de violentos protestos durante a madrugada.
Os protestos começaram na noite de sábado (6) em Tottenham, bairro do norte de Londres de classe de renda mais baixa, e foram causados pela morte de Mark Duggan, de 26 anos, por policiais na quinta-feira passada. A violência e os tumultos atingiram outros bairros na noite de domingo. Na madrugada desta terça-feira, o tumulto chegou a bairros da classe média da capital londrina, como Ealing (oeste de Londres), Clapham (sul) e Camden Town (norte).
O subcomissário assistente da Polícia Metropolitana, Steven Kavanagh, disse que foi “chocante e horrível para Londres acordar de manhã”. Segundo ele, a polícia está sendo forçada a recorrer a todos os recursos disponíveis para combater os tumultos, como nunca havia feito até hoje. Pelo menos 69 pessoas foram acusadas de várias infrações e responderão a processo.
Morador de Liverpool, Stephen Hope, de 17 anos, criticou a atitude de jovens que participaram dos protestos. “Tenho emprego, pago meus impostos e acho que o comportamento demonstrado por uma minoria de jovens é uma desgraça”, lamentou. “É o tipo de comportamento que alimenta a raiva dos adultos contra a maioria das pessoas da minha idade, o que é injusto.”
Para o criminalista John Pitts, assessor de várias administrações regionais (subprefeituras) de Londres, ainda não é possível saber a razão para as desordens violentas que surpreenderam as autoridades e a população. Para ele, não se pode fazer um movimento dessa magnitude sozinho. “Em algum momento, as multidões maiores que se confrontam com a polícia se dão conta de que estão no controle da situação.”