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Usinas de Angra são mais seguras que a de Fukushima

As usinas da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, no litoral sul fluminense, têm condições mais favoráveis para suportar acidentes decorrentes de catástrofes naturais do que tinha a Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, no nordeste do Japão, quando o país foi atingido por um terremoto seguido de tsunami, há cerca de um ano. Por causa dos fenômenos, houve vazamentos e explosões na região, o que gerou um alerta mundial sobre a segurança nuclear.

A conclusão faz parte de um relatório elaborado pela Eletronuclear, estatal responsável pelo complexo brasileiro, a pedido da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para avaliar as condições de segurança das usinas Angra 1 e Angra 2 em casos de catástrofes naturais de extrema severidade. O documento, que segue metodologia utilizada nos países europeus, ficou pronto no fim de março e foi encaminhado à comissão na semana passada.

De acordo com o assessor da diretoria técnica da Eletronuclear, Paulo Carneiro, entre as características técnicas que garantem às usinas brasileiras “uma situação mais favorável” está a existência de um sistema extra de energia elétrica, instalado em áreas protegidas, além do sistema de suprimento de emergência.

“O que foi crítico em Fukushima foi perder toda a alimentação de energia elétrica do sistema de segurança e nas duas usinas [brasileiras], além do sistema de emergência, temos um outro de backup instalado em áreas totalmente seguras. A sociedade brasileira pagou a mais para ter isso, mas num momento como esse é sem dúvida uma vantagem”, afirmou.

Carneiro acrescentou que as usinas Angra 1 e Angra 2 contam, ainda, com equipamentos que dispensam energia elétrica, caso haja perda total do suprimento, para o resfriamento dos reatores, utilizando reservas de água doce armazenadas em tanques ou piscinas no próprio complexo nuclear.
O assessor da diretoria técnica da Eletronuclear citou também aspectos naturais que reforçam a segurança das usinas brasileiras, como a localização em uma área de baixa atividade sísmica e sem tsunamis.

“A Região Sudeste brasileira é uma região onde não há ameaça de terremotos de grande intensidade como os que ocorrem no Japão. Além disso, a central se localiza em uma área de baía, naturalmente protegida do oceano pela Ilha Grande, o que exclui a possibilidade de ocorrência de tsunami“, explicou.

Ele ressaltou, no entanto, que a principal preocupação da região de Angra dos Reis é a ocorrência de chuvas intensas com ameaça de deslizamento de encostas. O relatório elaborado pela equipe técnica da Eletronuclear aponta que, também para essas situações, o projeto é seguro.

“Esse aspecto também foi reavaliado e o nível de proteção para esse tipo de evento também é bom, mas ainda estamos avançando em alguns estudos e talvez adotemos algumas medidas adicionais de proteção em casos de inundações, apenas para garantir uma segurança ainda maior”, destacou.

De acordo com a Eletronuclear, Angra 1 começou a operar em 1985 e tem capacidade para geração de 657 megawatts (MW). Já Angra 2, que começou a operar comercialmente em 2001, tem capacidade de gerar 1.350 MW, o suficiente para abastecer uma cidade de 2 milhões de habitantes. A terceira usina do complexo, com capacidade para produzir 1.405 MW, está sendo construída e deve entrar em operação no final de 2015.

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