Colunistas

13 de Maio

A Lei Áurea, assinada em 13.05.1888 foi efetivamente, um grande instrumento de libertação do  povo negro que teve aviltada, mais que a sua carne, os seus ideais  e sua determinação.

O que chama atenção é que os negros partiram das casas grandes, somente com a liberdade de seus corpos, mas aprisionados pelas algemas da mais cruel circunstancia que os levaria a degradação como povo e como cultura.

Passados cento e vinte e dois anos de sua liberdade os seus descendentes, hoje, compõem um parcela de nossa sociedade que responde pelos índices de analfabetimo e pobreza extremos, trazendo consigo, todos os processos degradatórios que estas condições proporcionam.

Sou um dos milhares de brasileiros que não se conformam com esta situação. Quem, algum dia, leu Castro Alves vai compreender a minha indignação.

O texto da Lei Áurea tem, somente, um artigo. Faltaram  outros que além da liberdade  reparasse a dignidade que este povo tinha, em sua terra da qual  foi arrancado para ser, na nossa terra, reduzido a animal de tração e sofrer sob a chibatas dos senhores da casa grande,  que por si próprios ou utilizando bandidos cruéis  a seu serviço tudo podiam. Podiam mesmo praticar os maiores crimes impunemente…

Acho que na lei Áurea faltou um dispositivo que destinasse ao povo antes maltratado e expropriado, uma indenização em forma de território onde eles pudessem começar vida nova, com terra, com casa e com alguma possibilidade de renda e de substência.

Penso que a princesa, como nunca precisou de nada, achou que os negros já libertos, seriam alimentados e mantidos por alguma espécie providencia divina. Deu-lhes a liberdade dos ferros dos senhores da casa grande, mas lhes aprisionou, por omissão, ‘as correntes da miséria, da fome e subalternidade como cidadãos e como povo.

E o pior esta que prisão subsistiu, até agora, passando de descendência a descendência como uma pena eternamente cruel e que não permite ao povo ao qual ela maltrata, qualquer espécie de apelação a qualquer tribunal que não seja o tribunal do coração de alguns poetas e sonhadores, por natureza, mais sensíveis e por isto capazes de entender de dores e de sofrimento.

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