No Brasil, crianças preferem comida a presente, diz jornal
O artigo, publicado nesta terça-feira, relata a experiência da chamada Operação Papai Noel, em que os Correios expuseram em suas agências uma parte das dezenas de milhares de cartas enviadas todos os anos por crianças e endereçadas ao 'bom velhinho'.
“O projeto desencadeou o entusiasmo da classe média, que já se via oferecendo bonecas e automóveis em miniatura às crianças desfavorecidas”, escreve a correspondente do jornal.
“A abertura das cartas revelou uma realidade bem mais triste: a maioria (das crianças) não pede brinquedos ao Papai Noel, mas alimentos. No Estado de Pernambuco, este é o caso de 60% das 11 mil cartas recebidas. As crianças desejam receber bolos, queijo, peru. Geralmente, querem apenas uma cesta básica.”
A reportagem transcreve trechos de cartas de crianças e pais – muitos dos quais assinam as cartas – que pedem alimentos, vestimentas e utilidades, como carrinhos de bebê.
Para o Figaro, as cartas “têm um efeito ainda mais chocante porque o consumo explodiu neste fim de ano no Brasil. Tirando proveito de um crescimento que deve superar os 5% neste ano, e de crédito fácil, a classe média se lançou às lojas, que conhecem os seus melhores resultados em onze anos”.
“Apesar de uma ligeira melhoria, o Brasil exibe um mais dos elevados índices de desigualdade do mundo. A operação 'Papai Noel' demonstra que o programa de subsídios sociais instaurado pelo governo Lula não é suficiente nem para reduzir os desvios estruturais, nem para erradicar a fome.”