Deputado questiona a fragilidade do Estado ao lidar com o ciclone
Nos últimos dias um ciclone extratropical agiu sobre o Rio Grande do Sul e causou danos a milhares de pessoas. Comunidades ficaram ilhadas e famílias desabrigadas.
Para o deputado Paulo Borges o Estado demonstrou fragilidade ao lidar com a situação. Segundo ele faltou segurança para a população. O parlamentar sugere um planejamento adequado para minimizar os efeitos dos próximos episódios.
Veja na íntegra os questionamentos que o deputado fez na Sessão Plenária desta terça-feira, 6 de maio, na Assembléia legislativa:
“O que é segurança afinal?!
Os últimos dias foram de sofrimento e indignação: 3 mil pessoas desalojadas, mais de trezentas desabrigadas e 200 mil afetadas, só na Capital e no litoral gaúcho. Comunidades ilhadas. Ciclone extratropical. Desequilíbrio ambiental. Para as questões ambientais, discussões e tentativas para amenizar os efeitos do aquecimento global não faltam.
Eu mesmo tenho uma, na verdade um grupo de especialistas que integram o “Fórum Aquecendo a Consciência Ambiental no RS”. Mas a discussão é outra agora. É caráter de urgência. É de emergência.
Na sexta-feira, véspera das inundações e dos efeitos do ciclone, a imprensa já alertava para os perigos que chegariam. A previsão estava feita. Os institutos de meteorologia fizeram a sua parte. Não faltou informação.
Aliás, nós temos aqui, dentro da nossa Universidade Federal, equipamentos avançados capazes de prevenir com mais tempo de antecedência, desastres como esse; temos profissionais qualificados. E, pelo incrível que pareça, falta contratação.
Mas não faltou aviso. Programas de rádio, jornais, sites de internet noticiavam o que estava por vir. Quem saía às ruas, com aquele tempo fechado, já pressentia que viria um temporal daqueles.
Mas não foi um temporal daqueles. Foi extremamente pior. Há MUITO TEMPO não chovia tanto no nosso Estado em tão curto espaço de tempo: a cidade de porto alegre estava preparada para 100 milímetros de chuva em 3 dias; choveu o dobro, em 30 horas.
Frente às casas destroçadas, às famílias em desabrigo e aos acidentes ocorridos, eu faço alguns questionamentos:
De quem é a responsabilidade pelos ocorridos?
As esferas envolvidas, se não estavam preparadas, POR QUÊ NÃO SE PREPARARAM?! FALTOU AVISO?!
Será que ainda serão necessárias mais tragédias e mais vítimas para que se estruture um plano de emergência?!
Quarta e última pergunta: o que é afinal A TAL SEGURANÇA PARA O CIDADÃO?!
No meu entender – e observando toda os tributos que pagamos, SEGURANÇA é, nesse caso, contar com um, VEJA BEM, APENAS UM AZULZINHO (como aconteceu comigo na quinta-feira num cruzamento na Plínio) para organizar o trânsito quando uma sinaleira na cidade não funcionar. É poder contar ao menos com o atendimento telefônico de um serviço público em caso de urgência – destaco aqui ainda o número de 14 mil gaúchos ainda sem luz.
É, eu acredito, poder ter uma mão para se apoiar, antes que a casa literalmente caia. Eu me pergunto o que sente uma mãe e um pai ao ver a vida dos seus filhos à mercê da própria sorte.
Aflição. Não, acho que impotência. Talvez vergonha. Como cidadão, frente à essa realidade desastrosa que passamos, sinto isso tudo. E constato, infelizmente, que não houve iniciativas suficientes. Mas sim, FRAGILIDADE SUFICIENTE. E isso, é insegurança.
Vou encaminhar uma solicitação ao Estado e à prefeitura a fim de que se inicie o quanto antes um planejamento adequado para minimizar os efeitos dos próximos episódios – SIM, ELES VIRÃO.
ENCERRO COM A ESPERANÇA DE QUE NÓS POSSAMOS DEIXAR DE LADO A VISÃO MÍOPE SOBRE O SIGNIFICADO DA PALAVRA SEGURANÇA. E QUE OS PODERES RESPONSÁVEIS FAÇAM, DE VERDADE, A SUA PARTE. COM RESPONSABILIDADE. COM PRUDÊNCIA.”
Deputado Paulo Borges