Baleia Franca dá show em Torres
Neste domingo (24) uma baleia franca deu um show em frente à Ilha dos Lobos, por volta das 11h, chamando a atenção das pessoas que estavam na Prainha e em cima do Morro do Farol. Rumando em direção a Santa Catarina, ela também deu um espetáculo, em torno das 12h, nas águas da Praia Grande. Bem próxima da praia, a baleia fez muitas exibições, deixando bem visível sua bela cauda e inclusive a cabeça, não sendo necessário o uso de binóculo pra avistá-la.
Nos dois próximos fins de semana (30 e 31/8 e 6 e 7/9) haverá uma oportunidade especial para admirar esses cetáceos: o Observatório de Baleias, no Morro do Farol. A programação integra o Festival de Saúde e Bem-Estar de Torres, que começou em 15 de agosto e se estende até 15 de setembro, numa promoção da Secretaria Municipal de Turismo com o apoio da sociedade e empresas torrenses.
A atividade é do Curso de Biologia da ULBRA Torres, que participa do Projeto Baleia Franca. A equipe também realiza o acompanhamento desse cetáceo de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h e das 14h às 16h30min, na Morro das Furnas, extremos Sul e Norte. Eles estarão à disposição dos interessados para fornecer informações, oferecendo, inclusive, binóculos para uma melhor observação desse espetáculo da natureza. Informações: (51) 9107-2804 ou rodrigodoncarmindo@hotmail.com e nisacn@hotmail.com. (Fotos de Adriano Daca e Projeto Baleia Franca)
Confira o artigo escrito pelo biólogo Rodrigo De Rose da Silva, do Projeto Baleia Franca
Ciência e bem-estar: Vida marinha ao alcance dos olhos
O Morro do Farol é um dos pontos turísticos mais visitados em Torres. A partir desse ponto podemos ter uma visão geral da cidade e a oportunidade de apreciar um cenário que vai desde a formação Serra Geral, passando pela Lagoa do Violão, pelas dunas, pelo Parque da Guarita, até as praias da Cal e Itapeva, de um lado, e de outro, a Prainha e a Praia Grande. E é nesse contexto único que podemos apreciar alguns dos mamíferos marinhos que visitam nossas águas anualmente, em busca de alimentação e descanso.
Entre os mais assíduos estão o leão-marinho-do-sul e o lobo-marinho-sul-americano, além do menos freqüente elefante-marinho-do-sul, que encontram no Refúgio Ecológico Ilha dos Lobos, situada a 1.800 metros deste ponto, o ambiente propício para suas atividades. Outros visitantes ilustres que podemos observar por aqui na temporada de inverno são as baleias francas austrais, que, através de seus comportamentos e brincadeiras com os filhotes, tiram suspiros e atraem a atenção dos moradores e visitantes do município. Esta espécie de cetáceo freqüenta nossas águas entre os meses de junho e novembro.
Na década de 70, nos mares do sul do Brasil, a baleia franca quase chegou à extinção, devido à caça intensa do início do século XX. O último registro de caça no Brasil foi em 1973 na estação baleeira Armação, situada em Imbituba (SC). Atualmente, através da preservação e monitoramento são observados resultados significativos no resgate populacional da baleia franca, considerada patrimônio vivo no oceano Atlântico Sul Ocidental. Entretanto, apesar do crescimento populacional de aproximadamente 14% ao ano, ela ainda está classificada na categoria de risco de extinção.
As baleias francas passam grande parte do ano em sua área de alimentação, próximo ao Pólo Sul. Durante os meses de inverno austral elas migram para águas mais quentes para acasalar, parir e amamentar seus filhotes, já que estes nascem sem a espessa camada de gordura que confere o isolamento térmico. Outro motivo é a fuga de predadores naturais dos filhotes como orcas e tubarões. Durante a vinda às áreas de reprodução e retorno às áreas de alimentação, as baleias francas adultas não se alimentam e os filhotes apenas recebem leite materno, chegando a engordar cerca de 50 quilos por dia.
As baleias francas podem viver cerca de 80 anos. As fêmeas geram um filhote a cada três anos, que nasce em média com 5 t e mede de 4 a 5 m. A gestação é de cerca de 12 meses e o período de amamentação de 11 meses. A respiração é feita através dos pulmões, por isso necessitam subir à superfície. O tempo médio de mergulho é de aproximadamente 7 min, podendo alcançar 50min em algumas espécies. Em geral realizam mergulhos com cerca de 1 a 2 min de duração, podendo permanecer até 20 min em mergulho quando em deslocamento.
A baleia franca apresenta calosidades na região da cabeça (verrugas de nascença), que são únicas para cada indivíduo, funcionando como uma impressão digital, permitindo a identificação individual. O borrifo em forma de “V”, formado pelo ar quente expelido quando sobe à superfície para respirar, é característico da espécie, devido aos dois orifícios respiratórios se apresentar bem afastados um do outro. Outra exclusividade é o dorso totalmente liso por não apresentar a nadadeira dorsal.
Atualmente, além da proibição da caça, as baleias francas são estudadas e preservadas através de vários projetos. O Brasil participa do Projeto Baleia Franca, mantido pela Coalizão Internacional de Vida Silvestre (IWC/Brasil) em parceria com a Petrobras, sendo um dos mais importantes projetos de preservação e pesquisa científica marinha da América Latina. Desde 2005, o Curso de Biologia da ULBRA Torres participa desse projeto, realizando o monitoramento, registro do número de indivíduos, composição dos grupos, estudos comportamentais e atividades de educação ambiental junto à comunidade local. Assim, os esforços se multiplicam e as belezas naturais de importância ecológica no ambiente natural se mantêm presentes na vida das futuras gerações.