Quem sempre foi rei não perde a majestade
”Não deis aos cães o que é santo,
nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas,
para que não as pisem com os pés e,
voltando-se, vos dilacerem”.
MATEUS 7:6
Foi, no mínimo, constrangedor o encerramento da Reunião de Cúpula Ibero-americana, que aconteceu na semana passada em Santiago do Chile.
Como não poderia ser diferente, o déspota venezuelano, Hugo Chávez, capacho-mor de Fidel-Pé-na-Cova-Já-Vai-Tarde-Castro, em todo evento a que comparece, direciona o facho dos holofotes para sua grotesca figura. Referimo-nos, como exemplo, ao último Fórum Social Mundial acontecido em Porto Alegre, ocasião em que esbanjou, por intermináveis duas horas sua impagável “cantiflada”, para gáudio da petezada anencéfala.
“Cantiflada”, para quem não está lembrado ou ainda não chegou aos cinqüenta anos, originou-se do nome da personagem criada pelo ator mexicano, Mario Moreno: Cantiflas. Nas décadas de 50/60. Cantiflas era mostrado nas telas dos cinemas como uma molambenta e canhestra figura. Trajava calças fragilmente seguras por suspensório com apenas uma haste em diagonal, dando-nos a impressão que, a qualquer momento, se iriam arriar. Seu humor consistia, sobretudo, quando se punha a falar. Emendava as palavras e frases, uma com as outras, num interminável “discurso” que, ao fim e ao cabo, nada dizia, nada continha de substancial.
Ocorre que, desta feita, no seu delírio de dominador, na presença do rei de Espanha, Juan Carlos, e de José Luis Rodríguez Zapatero, atual premier espanhol, Chávez, promoveu duras insinuações, dentre as quais a de que o golpe de Estado cometido em Caracas, em 2002, não apenas era de conhecimento como, sobretudo, tivera a aprovação do governo espanhol. Chamou, ainda, o ex-ministro José Maria Aznar de fascista.
Zapatero, diplomática e elegantemente, não apenas aguardou o final da pachouchada de Chávez como, acima de tudo, em que pese ser ferrenho adversário de Aznar, defendeu seu antecessor, afirmando que “em uma mesa em que há governos democráticos, há como princípio essencial o respeito. Pode-se ter pontos de vista diametralmente opostos a uma posição ideológica, e não serei eu que estarei próximo às idéias de Aznar, mas o ex-primeiro ministro Aznar foi eleito pelos espanhóis e exijo este respeito”.
Como o venezuelano persistia em seu desvario, o rei, em atitude até então jamais vista, de dedo em riste, perguntou: “Por que não se cala?”
Após o episódio, das escassas vozes pró-Chávez uma veio de seu manipulador, o líder cubano Castro. Deste, reação outra não se poderia esperar. De Lula não se tem, até o momento em que escrevo esta coluna, manifestação oficial. Apenas desejo que este, comparativamente, não se enfurne na fantasia do “Chapolim”, fiel escudeiro de “Chaves”, do surrado e já batido seriado televisivo.
Se a realeza espanhola ainda não sabia – o que não creio – certamente há de concordar que aos porcos não se devam lançar pérolas. Deixem que eles próprios – os porcos – se refestelem na lavagem que eles mesmos dão causa.