Nayara nega disparo antes da invasão do apartamento
O delegado seccional de Santo André, Luiz Carlos dos Santos, disse hoje que a adolescente Nayara Silva contou, em depoimento, que antes da invasão da polícia não houve disparo dentro do apartamento onde ela e a amiga Eloá Pimentel eram mantidas reféns por Lindemberg Alves. Segundo o delegado, a declaração da principal testemunha do caso contradiz a versão de vizinhos e a própria justificativa da polícia para a invasão do apartamento, que na sexta-feira terminou com a morte da ex-namorada de Lindemberg, Eloá.
De acordo com o delegado, vizinhos do apartamento onde o seqüestro ocorreu escutaram “um estampido, um tiro abafado” segundos antes de os policiais invadirem o local. No entanto, o delegado disse que só com as provas periciais, as imagens de televisão e a reconstituição é que o crime será esclarecido. Nayara, que recebeu alta hospitalar hoje, afirmou, segundo Santos, que ouviu apenas dois dos três tiros na invasão e não soube dizer de onde partiu o disparo que a atingiu no rosto porque ela se cobriu para se proteger da explosão.
Sobre o retorno de Nayara ao cativeiro após já ter sido libertada por Lindenberg, na noite de terça-feira, o delegado afirmou que o a polícia instruiu a adolescente a ficar, no máximo, no início do corredor que dá acesso ao apartamento de Eloá. De acordo com Santos, Lindemberg, então, libertaria a ex-namorada e se entregaria. Os três desceriam as escadas do prédio de mãos dadas. No entanto, Lindemberg pediu para que Nayara se aproximasse e entrasse na residência, com o que ela concordou.
A mãe de Nayara, Andrea Araújo, disse hoje à imprensa que não autorizou o retorno da filha ao local do seqüestro e só soube que ela tinha voltado pela televisão. Já o promotor Antonio Nobre Folgado informou que irá denunciar Lindemberg, de 22 anos, por homicídio doloso duplamente qualificado, tentativa de homicídio – contra Nayara – cárcere privado e disparo de arma de fogo. Ele também pode denunciar o jovem por tentativa de homicídio de policiais.