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Razão e sensibilidade

Para os brasileiros maiores de dezesseis anos de idade, desde que detentores do título de eleitor e sem impedimento legal para o exercício do voto, cinco de outubro, será, com toda a certeza, uma data de fundamental importância: serão eleitos os vereadores, os prefeitos e os vice-prefeitos de quatrocentos e noventa e seis municípios gaúchos.

As eleições municipais deste ano ganham dimensões incomensuráveis ante o estrondo e a repercussão – ampla e diuturnamente noticiada pelos nossos meios de comunicação – resultantes das operações desencadeadas pela Polícia Federal e a conseqüente e criteriosa apuração dos fatos pelo Ministério Público Federal, referentemente às irregularidades e falcatruas atribuídas a notáveis políticos e integrantes da administração pública, inclusive a membro da Corte Estadual de Contas.

Jamais, através da mídia, as comunidades rio-grandenses receberam, às carradas, informações sobre os fatos estarrecedores que estavam sendo urdidos nos bastidores dos órgãos e das fundações estatais. Ante o amplo e irrestrito acesso ao deprimente espetáculo das CPI's – autêntico circo dos horrores, em que toda a pequenez humana e a face sórdida e bandida de uma democracia maquilada desfilaram sob as luzes dos holofotes – os lares gaúchos se transformaram neste período de quase onze meses em autêntica e petrificada platéia que supunha ser a testemunha de uma peça teatral surrealista.

A apuração com a necessária justiça do imbróglio, inocentando ou absolvendo seus envolvidos, se faz mister, expurgando-se para todo o sempre o compadrio e o comprometimento corporativista das classes e segmentos envolvidos, como instância última de salvar um organismo de suas células necrosadas.

Esse delicado procedimento cirúrgico nada mais é do que a utilização dos mais poderosos instrumentos que todo o cidadão detém em suas mãos: o título eleitoral e o voto. Sim, porque é na comunidade, em cada município, através dos seus poderes, executivo e legislativo, que tem início todo um processo.

Não foram poucos os formadores de opinião que apregoaram a política do voto nulo. Estes não passam de falsos, profetas na vã tentativa de insuflar o estado do “quanto pior, melhor!”. Anular o voto, amigo leitor, nada mais é do que se acovardar à tomada de decisão que só a você compete. Nestas eleições municipais iremos todos, homens, mulheres, homoafetivos, brancos, negros, índios, católicos, judeus, umbandistas, espíritas, evangélicos, ateus, agnósticos, letrados e analfabetos, mas, sobretudo, brasileiros, exercer o nosso poder.

Poder que não pode ser corrompido ou vendido em troca do sorriso hipócrita, do afago na cabeça dos desassistidos, ou por uma reles cesta-básica ou ficha de vale-transporte. Poder que deverá ser exercido após muita reflexão, consciência e dignidade. Poder que você há de exercer sob os critérios de sua soberana razão e com o indelével consentimento de sua sensibilidade.

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