Crianças e adolescentes da periferia de Torres aprendem a surfar
Tudo parece uma brincadeira, mas no projeto Torres Surfa a diversão é levada a sério e as lições vão além de simplesmente aprender a surfar. As 14 crianças e adolescentes que participam desse programa desenvolvido pela Associação dos Amigos da Praia de Torres (SAPT) em parceria com a Prefeitura de Torres, aprendem a praticar corretamente o surf e ainda participam de atividades de educação ambiental. O projeto surgiu por iniciativa do instrutor de surf da Confederação Brasileira de Surf, Ricardo Dornelles, o Fogo, que há seis anos tem a Escola de Surf Lobos da Ilha na SAPT.
O projeto foi contemplado com verba do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o que possibilitou a compra de pranchas e roupas de borracha para proteger as crianças da água gelada do mar. A maioria dos participantes é da periferia de Torres, tendo muito tempo ocioso e vivendo em situação de risco. “Participando do projeto, eles aprendem a surfar corretamente e podem competir e se tornar futuros instrutores”, avalia o instrutor Fogo. As atividades ocorrem nas terças e quintas, tendo como ponto de encontro a SAPT. A adaptação dos participantes ao meio líquido é feito na piscina térmica do clube, pois muitas crianças nunca tiveram contato com piscina e mar. Na piscina também aprendem a remada com prancha e a se equilibrar sobre a prancha. Somente depois dessa iniciação tem o “batizado” no mar.
Na parte de Educação Ambiental, o projeto conta com a participação do biólogo Rodrigo de Rose da Silva, que repassa informações sobre o meio ambiente, principalmente costeiro, e sobre a importância da preservação da natureza. Ele realiza aulas expositivas, sessão de vídeos e saídas de campo para coleta de lixo e passeios com cunho de aprendizado ecológico, como de barco até a Ilha dos Lobos, a menor ilha e reserva marítima do Brasil, e até o Parque da Guarita. “O objetivo é despertar a consciência e a sensibilidade das crianças e dos adolescentes para a conservação da natureza e passar conhecimentos sobre os ecossistemas do Litoral Norte”, comenta o biólogo.
Na piscina da SAPT, as crianças também podem observar o treinamento de surfistas de alto rendimento do Centro de Treinamento da Federação Gaúcha de Surf e Ulbra Torres, o único no Brasil que prepara surfistas profissionais. “Eles podem se espelhar em atletas como Daison Pereira e Rodrigo “Pedra” Dornelles, que colocam o nome de Torres no cenário nacional”, ressalta o instrutor de surf Fogo.
A primeira etapa do projeto começou em setembro de 2008 e encerra em fevereiro. Os participantes são selecionados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica), Secretaria Municipal da Ação Social, Conselho Tutelar e Centro de Apoio Psicossocial (Caps) da Secretaria Municipal de Saúde. O Torres Surfa ainda tem o apoio do surfista e ex-presidente da Associação dos Surfistas de Torres (AST), César Kruger, que recebe os integrantes para o almoço, nas terças, em seu restaurante Panela Mágica.